Compartilhar
Publicidade
Publicidade
Cansaço emocional, despersonalização e falta de realização pessoal; entenda o Burnout
Entrevistamos o médico psiquiatra Thiago Macedo
Yanne Vieira
Foto: Pixabay

Descrita em 1974, pelo médico americano Freudenberger, a Síndrome de Burnout traduzindo para o Português como ‘síndrome do esgotamento’, hoje é associada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ligado ao trabalho. De acordo com o Ministério da Saúde, a síndrome possui características como exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, que podem estar atreladas a trabalhos desgastantes, que demandam muita competitividade ou responsabilidade.

A equipe de reportagem do Site Miséria entrevistou o psiquiatra Thiago Macedo, sobre os sintomas da síndrome que “é definida por alguns autores como uma das consequências mais marcantes do estresse profissional, e se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, humor rebaixado e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional)”, avalia o médico.

Em 2019, a Organização Mundial da Saúde aprovou a inclusão da síndrome na Classificação Internacional de Doenças, lista que entra em vigor a partir deste sábado (1º) de janeiro. Sendo descrito como “uma síndrome resultante de um estresse crônico no trabalho que não foi administrado com êxito”, o documento é baseado em conclusões de especialistas.

De acordo com o médico Thiago Macedo, a prevenção do Burnout “está na forma de lidar com as relações de trabalho. É importante gerenciar as expectativas feitas sobre si mesmo, se educando quanto ao uso de tecnologias e reduzindo os expedientes em casa, além de se atentar às investidas dos modismos da alta performance”, afirma.

COMO IDENTIFICAR

Os principais indicadores são: cansaço emocional, despersonalização e falta de realização pessoal. O sintoma descrito como exaustão emocional se refere a um conjunto de ocorrências, tais como sentimentos de desesperança e de solidão, um misto de depressão e raiva, impaciência e irritabilidade, tensão e ansiedade, diminuição da empatia, sensação de baixa energia, aumento das preocupações, suscetibilidade para doenças físicas, tensão muscular, dores lombares ou cervicais e distúrbios do sono”, afirma o psiquiatra.

De acordo com uma pesquisa da International Stress Management Association do Brasil (ISMA-BR), 72% dos brasileiros que estão no mercado de trabalho sofrem alguma sequela ocasionada pelo estresse. O indicativo é que desse total, 32% poderiam sofrer de Burnout. A pesquisa ainda apontou que 92% das pessoas com a síndrome continuariam trabalhando.

SOLUÇÕES E TRATAMENTOS

O médico psiquiatra Thiago Macedo, afirma que o tratamento é baseado essencialmente no afastamento do trabalho e em estratégias como a psicoterapia e o mindfulness, o médico recomenda também “aproveitar o tempo de afastamento para se exercitar e fazer atividades que gerem prazer”. Em alguns casos, o tratamento com medicação é necessário.

Segundo o psiquiatra, “as empresas podem atuar para mitigar os riscos. Isso envolve melhorar a autonomia no desempenho profissional, facilitar o relacionamento com as chefias, com colegas ou clientes. Criar um ambiente acolhedor, mediando conflitos, buscando inclusive diminuir as demandas que ultrapassem os limites do ambiente laboral, pois levar o trabalho pra casa reduz o tempo em família e aumenta o estresse.”

Mas os funcionários também podem realizar atividades para prevenir o burnout “algumas práticas simples como atividades físicas, mindfulness ou outras práticas meditativas. Melhorar a relação com os demais colaboradores, evitar levar trabalho pra casa e diminuir o tempo destinado a tecnologias. Finalmente, podemos resumir dizendo que a prevenção está na melhor relação com o tempo e com a produtividade”. 

Compartilhar
Comentar
+ Lidas
Publicidade