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No Brasil, violência grave contra jornalistas aumentou em 69,2%
Os ataques envolvem episódios de violência física, destruição de equipamentos, ameaças e assassinatos
Yanne Vieira
Foto: Pedro França/Agência Senado

Nos primeiros sete meses de 2022, foram registradas 66 agressões graves a profissionais de imprensa no Brasil. Os ataques envolvem episódios de violência física, destruição de equipamentos, ameaças e assassinatos.

O número representa um crescimento de 69,2% em comparação com o mesmo período de 2021, com 39 casos. Os dados são do monitoramento de ataques contra jornalistas feito pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

De acordo com a Associação, o cenário geral de ataques também se agravou entre janeiro a julho de 2022, 291 alertas totais de violações da liberdade de imprensa foram registrados, 15,5% a mais do que nos primeiros sete meses do ano passado. Os casos incluem, além das situações mais críticas, discursos estigmatizantes, processos legais, restrições na internet e de acesso à informação e uso abusivo do poder estatal,

De acordo com Rafaela Sinderski, responsável pelo monitoramento, a “análise mostra campanhas frequentes para descredibilizar e desacreditar os profissionais. Nesse contexto, a violência contra jornalistas se torna parte de um projeto de enfraquecimento da imprensa no Brasil”, ressaltou.

Entre os episódios mais graves registrados neste ano, a Abraji aponta o ataque do vereador Paulo Luiz de Cantuária (MDB), de Ouro Fino (MG), que lançou pedras contra o jornalista Alexandre Megale e o atentado contra jornalistas da GloboNews, que foram ofendidas e quase atropeladas por um homem não identificado em São Paulo (SP). As situações ocorreram em maio e abril respectivamente.

Em fevereiro, o jornalista Givanildo Oliveira, do portal Pirambu News, foi morto horas depois de publicar uma reportagem sobre a prisão de um suspeito de homicídio em Fortaleza.

O caso que teve mais repercussão aconteceu meses depois, em junho, quando o jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira desapareceram no Vale do Javari, no Amazonas. Os corpos foram encontrados dias mais tarde.

A Abraji reforça que com dois assassinatos de profissionais da imprensa nos primeiros sete meses de 2022, o ano tem se mostrado brutal para o jornalismo brasileiro e que não houve registros dessa forma de violência no ano anterior.

Principais agressores

Assim como em 2021, os principais autores de ataques seguem sendo agentes estatais. Eles foram responsáveis por 209 (71,8%) casos de violência contra a imprensa e seus profissionais entre janeiro e julho de 2022.

De acordo com a Abraji, os membros da família Bolsonaro com cargos eletivos estão envolvidos em 157 (53,9%) episódios: 60 tiveram a participação do presidente; 51 envolveram o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP); 32 estão ligados ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ); e 20 se conectam com o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Contudo, os casos mais graves foram majoritariamente perpetrados por agressores não estatais (25 episódios). Pessoas não identificadas geraram 23 situações de agressão física, ameaça ou destruição de equipamentos contra profissionais da imprensa, enquanto atores estatais se envolveram em 19 ataques. Dois casos estão relacionados a membros de facções criminosas. Por vezes, um mesmo episódio teve mais de um tipo de agressor envolvido.

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