Diferente de esportes como basquete e futebol, que costumam ser dominados pelo eixo Rio-São Paulo, o poker é uma modalidade individual em que os melhores competidores do país estão espalhados no território nacional.

Na Bahia não é diferente e o Estado tem no atleta Ariel Celestino uma verdadeira referência que também brilha internacionalmente. Conhecido pelo apelido “Bahia”, Ariel é um soteropolitano que pratica o poker em nível profissional há mais de uma década.

De acordo com o site Hendon Mob, referência na modalidade, a primeira boa participação do baiano em uma competição de grandes proporções aconteceu no Chile em 2009. Desde então, ele se consolidou como um dos melhores da América e nos últimos meses vem atingindo o auge da carreira.

Um dos rankings mais respeitados do poker mundial é o Global Poker Index (GPI), que dá diferentes pesos para cada torneio ao redor do planeta. Conseguir uma boa colocação no GPI é um feito impressionante e, nos cinco meses da temporada 2019, o único latino-americano entre os 40 primeiros é Ariel.

O competidor não tem se dedicado tanto ao poker online como em outros tempos, mas seu foco na categoria ao vivo tem dado grandes resultados. Como um dos melhores do mundo na temporada, ele busca o feito inédito de se tornar o primeiro brasileiro a vencer o ranking geral do GPI.

Os últimos vencedores desse ranking anual dão uma noção da grandeza que isso representa para a carreira de qualquer atleta. Em 2018, o americano William Foxen terminou em primeiro. Ele já tem mais de US$ 11 milhões ganhos na carreira e no ano passado venceu torneios ao vivo em diversas ocasiões. Já em 2017, a lenda espanhola Adrian Mateos se consagrou como o grande campeão do ranking.

Para Ariel, o início de temporada espetacular é a coroação de um trabalho árduo que vem dando excelentes resultados e 2019 pode muito bem terminar como o melhor ano de sua já consolidada carreira.

O ranking do GPI existe desde 2015 e, em quatro temporadas completas, a melhor colocação global de Ariel foi a 130ª posição em 2015, quando ele ficou em segundo entre os brasileiros.

Nesta temporada, Ariel não tem priorizado uma única competição. O soteropolitano tem disputado campeonatos de diferentes estilos e vem acumulando bons resultados em todos.

No início do ano, por exemplo, ele viajou até a turística Paradise Island nas Bahamas para participar de um torneio de proporções mundiais conhecido como PCA. Na ocasião, Ariel conseguiu uma boa colocação e somou o maior número de pontos em uma única etapa para o seu ranking do GPI em 2019.

Ele também tem sido frequente no Brazilian Series of Poker, maior circuito de poker da América Latina que também é conhecido como BSOP. Ariel pontuou nas duas primeiras etapas e, segundo ranking oficial do circuito, ele aparece entre os 55 primeiros colocados da nova temporada.

Bem posicionado, Ariel corre por fora entre os favoritos ao título do BSOP. A competição costuma ter ao menos sete etapas. Com três disputadas até o momento, ainda há pelo menos quatro ocasiões pela frente em que o atleta terá a chance de pontuar.

Além do BSOP, o baiano também construiu parte de seu ranking com boas participações do King Series of Poker (KSOP), que vem se estabelecendo como o segundo circuito mais relevante do país.

Para completar a versátil temporada até agora, Ariel foi campeão em um evento paralelo ao principal durante uma etapa do Millions South America, realizado no histórico Copacabana Palace.

“Ariel é um dos competidores mais experientes do país”. (Foto: Danny Maxwell)

Para Ariel, disputar torneios valiosos está longe de ser uma novidade. O baiano já participou de várias edições do World Series of Poker em Las Vegas, amplamente considerado o circuito de poker mais importante e equilibrado do mundo.

Além disso, o impressionante currículo do soteropolitano também conta com presenças em eventos realizados em Mônaco, Malta, Irlanda, Uruguai, Itália, França e vários outros países.

Poker baiano cresce além de Ariel

A excelente fase de Ariel não é uma anomalia quando o assunto é poker baiano. Há vários outros conterrâneos que se destacam Brasil afora que comprovam isso. Um dos principais certamente é Pablo Brito Silva.

Especialista na categoria online, o soteropolitano é conhecido nas mesas digitais como “pabritz” e já tem uma carreira consolidada. Com mais de US$ 4 milhões ganhos ao longo dos últimos anos, atualmente ele é o sétimo melhor brasileiro no poker online e o melhor baiano.

No ano passado, Pablo chegou a ocupar a incrível 24ª posição no ranking mundial online, um feito poucas vezes repetido anteriormente por um competidor brasileiro.

Outro baiano de Salvador que brilha nas mesas online é Hélio Neves. Com o apelido “hneves182”, ele está entre os 30 melhores do Brasil no ranking online. Já veterano nas mesas, em 2016 ele chegou ao seu auge quando ficou no top 15 mundial.

É verdade que tanto Pablo quanto Hélio não estão no mesmo patamar de Ariel, mas se tratam de dois craques da modalidade online que reforçam a reputação do poker baiano no cenário mundial.

Quem tem a ganhar com tudo isso é o esporte baiano, que aos poucos sobe no patamar do poker brasileiro. Com excelentes representantes que colocam a bandeira do Estado no pódio de grandes torneios nacionais e internacionais, se depender de Hélio, Ariel e Pablo o poker baiano estará em ótimas mãos por muito tempo.

Vale a pena ficar de olho na trajetória de Ariel ao longo do ano e torcer para que ele possa se tornar o melhor brasileiro colocado na história do ranking do GPI. Para tal, ele terá que bater a marca que pertence ao mineiro João Simão, que em 2018 conseguiu a 45ª posição mundial.