Agente do Instituto Chico Mendes passa por árvores queimadas na Amazônia. (Foto: Reprodução)
Em 2021, as emissões de gases de efeito estufa aumentaram em 12,2% no Brasil, em comparação ao ano anterior. O principal causador desse índice foi o desmatamento, em sua maioria localizado na Floresta Amazônica. Os dados são do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (Seeg) do Observatório do Clima, divulgados nesta segunda-feira (1º).
No período, foram emitidas 2,42 bilhões de toneladas brutas de gás carbônico (CO2) equivalente, a maior alta desde 2003, ano em que o país atingiu o recorde histórico de emissões com 20%.
De acordo com Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, os números refletem o governo do atual presidente Jair Bolsonaro (PL), “fica muito claro que nós, nesse momento, temos um governo que se revelou uma verdadeira bomba climática, máquina de gerar aquecimento global e jogar carbono para a atmosfera no planeta. Temos um governo que negou a agenda de clima e fez tudo o que podia para destruir a governança ambiental do país, especialmente na Amazônia”, pontuou durante a apresentação dos dados.
Para o coordenador do SEEG, Tasso Azevedo, o balanço de dez anos do Sistema mostra que o Brasil teve uma década desperdiçada para controlar sua poluição climática, “é a primeira vez que a gente detecta 4 anos de aumento das emissões desde 1990, quando a gente começou a fazer o levantamento”, diz.
O crescimento das emissões em 2021 está associado a três setores: desmatamento, energia e agropecuária. O setor de mudança de uso da terra, representado em sua maior parte pelo desmatamento da Amazônia e Cerrado, teve o maior aumento das emissões brutas do setor, chegando a 18,5%.
Já a agropecuária, teve as maiores emissões da série histórica, sendo 601 milhões de toneladas, contra 579 milhões em 2020. O setor de energia registrou 435 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente em 2021, a maior alta em 50 anos.
Os números refletem, também, no compromisso assumido pelo Brasil com o Acordo de Paris, que tem o objetivo exclusivo de reduzir as emissões de gases de efeito estufa para limitar o aumento médio de temperatura global a 2ºC, quando comparado a níveis pré-industriais.
“Considerando as metas de redução de emissões assumidas na NDC [Acordo de Paris] do país para 2025 e 2030, o patamar atual torna o alcance dessas metas cada vez mais distante“, afirmou Renata Potenza, coordenadora de Clima e Cadeias Agropecuárias do Imaflora.