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Dado como morto, homem reencontra os sete filhos e tenta recuperar tempo perdido
Redação
Foto: Reprodução/ 180 graus

Desde o dia 24 de janeiro, o celular com a tela trincada, que vez ou outra era utilizado para fazer e receber chamadas, já não sai das suas mãos. Exceto, quando tem que focar no trabalho. As informações são do O Livre.

O homem que há mais de 40 anos lava carros no Centro Político Administrativo de Cuiabá teve que se habituar rapidamente às conversas via WhatsApp, que além de texto e áudios, incluem vídeo-chamadas.

É que só agora, depois de cinco anos, Antônio Francisco de Araújo Nunes, 52, enfim, descobriu o paradeiro de sete filhos desaparecidos.

Desde então, troca mensagens o dia todo com a filha Verônica, de 19 anos. Ela o informa sobre os irmãos, que assim como ela, acreditavam que o pai estava morto.

“Quando cheguei do trabalho, não tinha ninguém em casa. Nem a mulher, nem os filhos. Roupas, documentos… estava tudo lá. Pensei: ‘foram dar uma volta’”.

O cachorro latiu quando era de noite, mas não era sinal de que estavam chegando. “Passou um dia, dois, três. Fui ficando desolado. Procurei em hospital, delegacia, ninguém sabia deles”.

Segundo Antônio, a angústia abriu terreno para um período obscuro. “Sem notícia alguma, comecei a beber demais, era muito desespero”. Logo, encontrou certo equilíbrio na igreja.

Porta do Carumbé

“E um dia o pastor disse que quem quisesse receber uma bênção tinha que levantar a mão, daí ele foi pedindo para um ou outro ir abaixando os braços, até que só sobrou eu. Fui à frente para receber a bênção. E ele me disse: ‘não se desespere, Deus vai abrir uma porta para você’”.

No dia seguinte, uma segunda-feira, Antônio deixou o carro em uma autoelétrica na Avenida dos Trabalhadores e pediu a moto emprestada a um amigo, porque precisava pegar R$ 100 de um cliente.

Toninho, como é conhecido, foi parado pela polícia que lhe informou que a moto era roubada. “A tal porta era do Carumbé”.

“Depois de ser solto, voltei na igreja e dei meu testemunho. O pastor disse que, se Deus havia me colocado lá dentro, era porque estava me protegendo de algo durante os três dias que fiquei preso, sem dever nada. Aí me desiludi com a igreja”.

Os R$ 100 que havia recebido e com os quais fora preso, foram devolvidos há pouco. “Estou esperando sair a sentença, porque penso em pedir indenização por danos morais”.

Bebida da encruzilhada

Se já não bastasse a sucessão de tensos momentos, quando chegou em casa, depois dos três dias em que ficou preso, ao abrir a porta, Antônio encontrou o cachorro morto.

Diante do episódio inesperado (a prisão), o cão ficou sem comer e beber água.

“Eu desisti da igreja, né? Mas eu fui fraco, porque Deus me provou e, ao invés de continuar firme, abandonei tudo”.

E quando ele se pega pensando porque sua vida, que incluía um casamento de 16 anos acabou desandando, só vem um episódio à mente de Antônio.

“Era um dia de Natal. Passei por uma encruzilhada em que havia uma oferenda com pinga, champanhe e fumo. Eu não acreditava nessas coisas. Tomei um gole da pinga, a mulher colocou a champanhe na geladeira e a dividimos. Depois disso, minha vida virou de cabeça para baixo. Passamos a brigar muito”.

180 graus

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