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Sítio Histórico do Patu, em Senador Pompeu, é tombado e agora integra o Patrimônio Histórico e Artístico do Ceará
O espaço foi utilizado como campo de concentração às vítimas da seca de 1932 e hoje é uma potencialidade para estudos acadêmicos e é um possível desenvolvimento para o turismo da Região Central do Ceará. 
Maurício Júnior
Foto: Salvino Lobo

O Sítio Histórico do Patu, conjunto arquitetônico localizado na área rural de Senador Pompeu, agora integra o Patrimônio Histórico e Artístico do Ceará. A assinatura do decreto que firma o tombamento definitivo aconteceu nesta segunda-feira (27), pelo governador Elmano de Freitas.

O tombamento está ligado à capacidade de estudos, pesquisas e reflexão histórias a cerca desse espaço. Além disso, a ação proíbe demolição ou mutilação do imóvel, preservando a volumetria, fachada e ambientes internos. Qualquer tipo de reforma só pode ser realizada após licença prévia da Coordenadoria de Patrimônio Cultural e Memória (Copam).

O espaço marca um trauma coletivo na sociedade cearense, visto que foi utilizado como campo de concentração às vítimas da seca de 1932. Entre os sete espaços com natureza semelhante no Estado, o Sítio Histórico do Patu é o único que permanece com ruínas de pé. Hoje, com cerca de 9 km², o lugar é uma potencialidade para estudos acadêmicos e é um possível desenvolvimento para o turismo da Região Central do Ceará.

Conforme a A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), “O “Campo do Patu” funcionou de 1932 a 1933 e chegou, segundo estimativas, a confinar cerca de 20 mil pessoas oriundas de diversas partes do Estado. Mesmo com a escassez de documentos oficiais, existe a previsão de oito a 12 mil mortos enterrados em valas coletivas na região‘.

Durante o decreto, Elmano potuou: “Tão importante quanto a preservação do Sítio Histórico, a medida traz à tona as histórias de vida das pessoas que ali estiveram e como a seca de 1932 institucionalizou as práticas de confinamento. É o reconhecimento de um crime contra a humanidade, em especial, contra os mais pobres”.

A coordenadora de Patrimônio da Copam, Jéssica Ohara, falou sobre a importância do tombamento. “É uma história dos flagelados da seca, das pessoas que foram submetidas a trabalhos forçados. Elas procuravam melhores oportunidades e eram colocadas nestes espaços praticamente para morrer. Essa memória está sendo finalmente reconhecida” salientou.

Enquanto não saímos desse processo de apagamento, de fingir que as coisas não aconteceram, nunca iremos chegar ao consenso com nosso passado. É ter um entendimento do que aconteceu e tentar que essa situação nunca volte. Principalmente, quando pensamos nas novas questões climáticas que podem causar outras tragédias humanitárias. Temos que estar preparados para não repetir esses mesmos erros”, complementou Jéssica.

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