Fiéis recebem a hóstia nas mãos em algumas igrejas de Fortaleza. - FOTO: KID JÚNIOR
Com 14 casos investigados de coronavírus no Ceará, igrejas de Fortaleza têm tomado medidas de prevenção durante as celebrações religiosas. As tradicionais orações de mãos dadas e a entrega da hóstia na boca de fiéis, por exemplo, são evitadas em alguns locais, restringindo ao máximo o contato físico. As iniciativas, entretanto, partem dos próprios padres, enquanto ainda não há orientação da Arquidiocese de Fortaleza.
A Igreja de Fátima, a mais tradicional de Fortaleza, localizada na Avenida 13 de Maio, já conta com uma rotina diferente. Segundo o pároco da Igreja, padre Ivan de Souza, alguns cuidados têm sido retomados para prevenir a eventual propagação do vírus, como o ato de não abraçar durante os cumprimentos da paz, assim como receber a hóstia nas mãos. Tais medidas haviam sido adotadas anteriormente, durante a influenza H1N1, em 2009, mas “depois a gente acabou relaxando, só que agora retomamos essas orientações”, explica o padre.
O sacerdote assegura que na Igreja de Fátima essas orientações são acatadas “de modo tranquilo”. A preocupação, ressalta, é com a saúde dos fiéis. No cotidiano, durante missas lotadas, a Igreja chega a abrigar entre 300 e 900 pessoas. A reportagem acompanhou uma celebração, na última quarta-feira (4), e confirmou que as medidas estão sendo cumpridas pelos religiosos, que evitaram contatos físicos durante toda a missa.
Já na Paróquia São Vicente de Paulo, medidas de prevenção eram hábitos mesmo antes do coronavírus, segundo a assistente financeira da paróquia, Olívia Aguiar. No ambiente, estão distribuídos pontos de álcool gel e, nos banheiros, sempre há sabão e toalhas limpas. Durante a realização das missas, afirma que é evitado realizar contatos físicos, seja no momento das orações ou no “Abraço da Paz”.
“Todas essas medidas já eram hábito. Por causa desse vírus, o Padre Raimundo Neto reforçou a parte da paz, para evitar pegar na mão do outro. Evitar. Não é uma regra, nem obrigatório, porque aqui ele não impõe nada, só dá os conselhos”, afirma Olívia.
Da mesma maneira, a Igreja São Gerardo, localizada na Avenida Bezerra de Menezes, tem tomado providências de prevenção antes da suspeita do vírus. De acordo com informe da secretaria, “desde o surto de H1N1 em Fortaleza, já não tem mais contato entre os fiéis. Eles não dão as mãos em nenhum momento e o padre procura não dar a hóstia diretamente na boca”.
Orientação
Segundo o padre Ivan de Souza, o arcebispo Dom José Antônio ainda não deu nenhuma orientação a respeito das medidas de prevenção e cabe às paróquias tomarem as providências. No caso da Catedral de Fortaleza, por exemplo, assim como na Igreja do Rosário, localizadas no Centro, o padre Clairton Alexandre, pároco da catedral e responsável pelas duas unidades, afirmou que “ainda não foi adotada nenhuma medida”.
O frei Francisco Edson, da paróquia Nossa Senhora das Dores, localizada na Av. Bezerra de Menezes, disse que “nenhuma medida preventiva (sobre o coronavírus) foi tomada ainda, porque estamos esperando o direcionamento da Arquidiocese”. Contudo, o franciscano acredita que as orientações serão para, justamente, evitar o contato físico direto entre os fiéis.
Para a aposentada Luisa Cruz de Oliveira, 62, frequentadora do Santuário Sagrado Coração de Jesus, qualquer medida de precaução deve ser bem-vinda e vista com olhos de aceitação por parte dos fiéis. “Seja lá em qual ambiente for, toda medida preventiva é positiva”, assegura a idosa, que seguirá a rotina, apesar do aumento de suspeita nos casos de coronavírus.
Diário do Nordeste