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Desmatamento cresce no Ceará em 2023
Crateús, Acopiara e Mauriti são os munícipios com maiores índices de desmatamento
Cícero Dantas
Ceará foi o estado que mais perdeu formações florestais da caatinga, diz levantamento
Foto: Cid Barbosa/SVM

O desmatamento no Ceará teve um aumento de 28% em 2023, quando comparado com o ano anterior, de acordo com dados do MapBiomas Alerta, que compila os índices desde 2019. Ao todo, 32.486 hectares de terra foram desflorestados no Estado.

O número torna o Ceará o 12° estado que mais desmata no Brasil. Crateús, Acopiara e Mauriti são os munícipios com maiores índices de desmatamento. De acordo com MapBiomas Alerta, o principal vetor do desmatamento é a agropecuária, responsável por 97,8% dos casos.

Daniel Fernandes, coordenador geral da Associação Caatinga (AC), alertou sobre o aumento dos índices no estado, com risco de agravar a ocorrência da desertificação no Ceará e em outros estados. “Todo o Nordeste [tem áreas] em estágio avançado de desertificação. Cerca de 13% do território [do bioma] se encontra nessa situação. No Ceará, temos três núcleos: região de Inhamuns, Irauçuba e Médio Jaguaribe. Eles sofreram um processo de degradação tão amplo que o solo já perdeu a fertilidade”, explicou.

(A situação) Também traz prejuízos sociais e econômicos. As famílias que vivem nessas áreas, em estágio avançado, vão ter dificuldade em ter uma agricultura de subsistência, porque o solo está pobre em nutrientes, o ciclo hidrológico não é frequente etc. A tendência é que a gente observe, caso continue dessa forma, novos processos de migração, de êxodo rural”, acrescentou.

De acordo com a Daniel Fernandes, a caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, é um dos menos protegidos por unidades de conservação. “As unidades de conservação são áreas legalmente criadas pelo poder público — ou privado, como as RPPNs — que vão proteger nascentes, abrigar a biodiversidade e manter áreas de floresta intocadas e preservadas. Mas temos uma carência muito grande. Apenas 8,8% do território está protegido“, afirmou.

Fernandes entende como prioritária a criação de uma legislação para a proteção do espaço. “Existe uma marginalização do bioma desde a constituição de 1988, que ‘esquece’ a caatinga e o cerrado como patrimônios nacionais. Isso causa uma ausência de políticas públicas voltadas para a conservação e de adaptação climática para pessoas que vivem no lugar“, concluiu.

 

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