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Com Olimpíada adiada, atletas cearenses intensificam busca por vaga em 2021
Tenista Thiago Monteiro e nadador Luiz Altamir, que sonham com os Jogos Olímpicos de Tóquio, comentam paralisação por conta do novo coronavírus e garantem preparação forte na busca por vaga nos Jogos Olímpicos
Redação
Thiago Monteiro está confiante na vaga olímpica e aproveita a quarentena para curtir a família - Foto: AFP

A paralisação do mundo por conta da pandemia do novo coronavírus deixa muitas incertezas. Não é possível saber quando a rotina da sociedade voltará ao normal, tampouco as atividades esportivas. Nem mesmo os Jogos Olímpicos resistiram. O principal evento esportivo do mundo foi adiado em um ano pelo COI (Comitê Olímpico Internacional) e será em 2021. Decisão que interfere diretamente na caminhada de dois cearenses que lutam para garantir classificação.

Um deles é Thiago Monteiro. O tenista cearense seguia firme na busca por uma vaga para os Jogos Olímpicos de Tóquio, antes da paralisação. Aos 25 anos, Monteiro estava vivendo um dos momentos mais especiais da carreira, que iniciou cedo, aos 16 anos. Melhor brasileiro no ranking da Associação de Tenistas Profissionais (ATP), na 82ª posição, Thiago está há quase dois anos no topo da Confederação Brasileira de Tênis (CBT).

A suspensão dos torneios não é positiva. Entretanto, há o outro lado da moeda, considerando que, quando a situação for normalizada, haverá mais tempo para a classificação à Olimpíada. E Thiago mantém a confiança.

Vai ser daqui um ano e uma data boa pro calendário do tênis, especificamente falando. Acho que tenho boas chances. Tinha boas chances este ano de classificar. A nossa pontuação é de acordo com o ranking do mesmo ano conforme está nos torneios. De janeiro até junho tem bastante competição; então é uma boa oportunidade. Venho confiante pra conquistar essa vaga”, disse. Para isso, será preciso manter o bom momento. No tênis, só os 56 melhores do ranking da ATP garantem vagas diretamente à disputa de Tóquio.

As vagas podem alcançar posições mais baixas graças à regra de que só quatro tenistas de um mesmo país podem competir. Ele precisa se posicionar por volta da faixa de 60 a 70 do ranking para ter chances de se classificar. Algo que, pelas competições que ainda serão realizadas até o próximo ano, é bem acessível.

“Não é só uma competição específica, é a somatória, a média de todas que se joga até o último dia do corte das Olimpíadas e, sem dúvidas, é uma espera a mais. Realmente, o importante é está focado quando o circuito de tênis voltar e aproveitar cada torneio”, aposta o atleta.

Com a paralisação de treinos e jogos, Thiago está em Fortaleza, mas não relaxa na rotina de treinos. Segue realizando, ao menos quatro vezes por semana, exercícios físicos e até de quadra, na casa de um amigo. “Estou conseguindo ir alguns dias treinar com ele para pelo menos continuar com um pouco de ritmo, tempo de bola. Tênis é muito de conseguir jogar o máximo de vezes que puder”.

Mesmo assim, no tempo livre, consegue tocar violão, assistir a séries e aproveitar os momentos positivos que a quarentena pode proporcionar. “Gosto muito de, ainda mais em Fortaleza, ir à praia e ver os amigos. São coisas que realmente não dá para fazer nessa época. A gente tem que se cuidar nesse tempo. Acho que é muito importante essas medidas das entidades de saúde. Gosto de ficar com a família. É muito raro ter oportunidades de estar em casa. Eu ficava umas duas ou três semanas por ano, no máximo, dividindo entre o ano inteiro”.

Piscinas vazias

Além das quadras, as piscinas também estão vazias. O nadador Luiz Altamir, formado nas águas cearenses, é outro que busca vaga nos Jogos Olímpicos e lamenta a paralisação das atividades. Nessa quarentena, já que os treinos foram cancelados por conta da pandemia, basicamente segue fazendo só a parte física. Mesmo assim, mantém o foco na busca por uma vaga em Tóquio.

“Esse adiamento acho que não vai interferir, atrapalhar. Eu estava num momento bom de treinamentos e tudo mais, mas é algo que ninguém pode controlar. A gente tem mais tempo pra treinar, melhorar certas coisas que podem ser aperfeiçoadas, e a gente tem quase um ano aí”, disse o atleta de 23 anos.

Luiz gosta de meditar, assistir a filmes, séries e curtir o tempo com a família e o cachorro. Mais relaxado, é importante trabalhar a força mental. “Nesse período de quarentena tento me manter ativo. No começo estava sentido pelos jogos terem sido adiados, pelo cancelamento do Troféu Brasil, e fiquei um tempo descansando a cabeça. É um momento estressante. A gente treina muito, a vida inteira, então lidar com essa situação é difícil”.

Retorno incerto

O tênis e a natação possuem dinâmicas bem diferentes, mas, neste atual momento, há algo em comum. Embora se trabalhe com projeções, a incerteza e as indefinições sobre possível retorno às atividades falam mais alto. “Não faço a mínima ideia de como ficará o calendário. Acho que vai estar totalmente diferente, e vai ser algo novo pra natação. Normalmente, quando passamos de uma competição principal acaba tendo descanso, de duas ou três semanas. Agora, não sei como vai ser”, diz Altamir.

A preocupação é a mesma de Thiago, embora o cenário seja diferente. “Se tudo der certo, espero retornar este ano mesmo ainda. O tênis está previsto para voltar no dia 13 de julho, com possibilidade de ser adiado novamente. Mas, por enquanto, é essa data que temos. Mais três meses, mais ou menos, e se tudo der certo e a gente conseguir voltar a competir, ainda dá pra ter um excelente ano”.

Diário do Nordeste

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