Criminosos invadiram a casa situada na Rua Vera Cláudia, em Maranguape, e mataram quatro pessoas que estavam no local - Foto: Paulo Sadat
O Ceará registrou a primeira chacina de 2020 ontem, com o assassinato de quatro jovens em Maranguape, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Ao somar os duplos e triplos homicídios com a chacina, já são 62 ocorrências de mortes múltiplas no Estado, com um total de 132 mortos, neste ano.
De acordo com o levantamento feito pela reportagem em cima dos relatórios diários de ocorrências da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), o ano corrente já tem 55 duplos homicídios (com 110 mortos) e seis triplos homicídios (18 mortos).
O aumento da violência resultou na primeira chacina. A principal suspeita da Polícia Civil é que a matança tenha sido motivada pela guerra entre as facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE) por território para o tráfico de drogas.
Os irmãos Nardiey Moreira Marques da Silva, de 21 anos, e Nardilan Moreira Marques da Silva, 20, Sebastião Rodrigo Cavalcante Barbosa, 19, e uma quarta pessoa do sexo masculino, ainda não identificada, foram assassinados a tiros, em uma residência localizada na Rua Vera Cláudia, no bairro Novo Maranguape, na madrugada de ontem. Nenhuma vítima tinha passagem pela Polícia. Os criminosos fugiram em seguida e são procurados pelas polícias Civil e Militar. A Delegacia Metropolitana de Maranguape e o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investigam o caso. A Perícia Forense do Ceará (Pefoce) também realizou levantamentos no local do crime, para colaborar com as investigações. A SSPDS ressaltou que a população pode contribuir com informações sobre o caso, pelo telefone 181 (Disque-Denúncia da Secretaria) ou pelos números (85) 3257-4807 e (85) 99111-7498, do DHPP.
A chacina já é o quarto caso de mortes múltiplas em Maranguape no mês de maio e o quinto, neste ano. Todos os outros foram duplos homicídios. No último episódio, os irmãos Leandro de Araújo Silva, 35, e Antônia Jéssica de Araújo Silva, 28, foram executados em casa, no bairro Parque São João, na última segunda-feira (11). Ambos não tinham antecedentes criminais.
Chacinas
O Estado não registrava uma chacina há 412 dias (mais de um ano e um mês). O último caso com mais de três mortos ocorreu em dois pontos, na madrugada de 29 de março de 2019. O pai e três filhos foram assassinados a tiros dentro de um imóvel, no bairro Mondubim, em Fortaleza. Minutos depois, o corpo do neto do homem mais velho foi encontrado carbonizado dentro de um veículo, em Maracanaú, na RMF. A motivação apontada pelas autoridades também foi a disputa entre CV e GDE.
Esta também foi a única chacina do Ceará em 2019. Já 2018 foi considerado “o ano das chacinas”. Foram sete casos no Estado, com um total de 58 mortos. Entre eles, a Chacina das Cajazeiras, em Fortaleza, que deixou 14 mortos no Forró do Gago, no dia 27 de janeiro; a Chacina do Benfica, também na Capital, com sete mortos em uma praça, no dia 9 de março; e a Tragédia em Milagres, uma ação policial que matou oito suspeitos e seis reféns, em 7 de dezembro.
Diário do Nordeste