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Para evitar depressão durante o isolamento, filho ensina português e filosofia a vendedor de lanches em Juazeiro
Sarah Gomes
Foto: Normando Sóracles/Agência Miséria

Desde o início do isolamento social, psicólogos e psiquiatras apontam os possíveis efeitos da pandemia na saúde mental. De acordo com especialistas, quadros como depressão, ansiedade e estresse agudo tendem a aumentar ou agravar nesse período. Isso acontece pelos novos comportamentos adotados e pela diminuição das relações interpessoais, associados ao estresse coletivo.

Em Juazeiro do Norte, pai e filho encontraram uma forma de driblar a ociosidade e transformar o isolamento social em uma oportunidade de conexão familiar e aprendizado. Em conversa com o Site Miséria, o vendedor de lanches Nilo Mascarenhas e seu filho João Vitor falaram sobre a importância de se manter ativo nesse período. Assista:

Nilo Mascarenhas é um rosto conhecido por grande parte dos juazeirenses que frequentavam o centro comercial da cidade. Durante anos, Nilo vendeu lanches na porta de lojas já extintas, como Casas Alencar, Esplanada e Mart Center. Com a instauração da Zona Azul, o vendedor ficou impossibilitado de estacionar o carro em que transportava os lanches no centro de Juazeiro do Norte e passou a vender na porta da Secretaria de Desenvolvimento Social e Trabalho (Sedest), antigo CSU. 

No entanto, desde o início do isolamento social em Juazeiro do Norte, Nilo permanece em casa. Em atividade pelas ruas juazeirenses desde 1986, o vendedor sentiu o impacto da  nova rotina logo nos primeiros dias. Mas o desânimo não durou muito. “Eu fui e disse pra ele: João, que tal se tu pegasse e me ensinasse um pouco o que tu sabe?”, conta Nilo.

João Vitor, que foi aluno da Escola Polivalente e atualmente estuda para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), aceitou o convite do pai. Nesses dois meses, o rapaz tem ensinado português, matemática, filosofia e sociologia. “Ele me diz as palavras e eu vou escrevendo, ele faz ditado, ele me manda fazer texto e ele confere se tá certo”, explica Nilo.

“A gente fica parado muito tempo e o que a gente aprende esquece”, conta o vendedor, que só estudou até a 4ª série, atual 5º ano. “E isso (aprender) evita até de você chegar a uma depressão, chegar a ficar deprimido. Por isso eu digo às pessoas: se tiver a oportunidade de fazer o que a gente tá fazendo, faça”, finaliza.

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