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Do jornalista Jota Alcides para Geraldo Menezes Barbosa
Demontier Tenório
Do jornalista Jota Alcides para Geraldo Menezes Barbosa
Jota Alcides se coloca como discípulo do já saudoso amigo Doutor Geraldo (Divulgação)

Sob o título: “Mestre do Humanismo”, o jornalista Jota Alcides escreveu e encaminhou à redação do Site Miséria uma saudação póstuma ao seu amigo Geraldo Menezes Barbosa que morreu na noite de quinta-feira em Juazeiro do Norte.

“Cada vez que me integro nas coisas da vida, mais reconheço a presença de Deus entre os acontecimentos que nos cercam a cada instante”. Assim dizia o médico-odontólogo, jornalista, escritor, historiador, professor, cronista e conferencista, com suas atividades centralizadas em Juazeiro do Norte, Metrópole do Cariri e maior cidade do interior do Ceará, Menezes Barbosa, com o seu perfil de autêntico humanista estóico.

Desde o início de minha convivência com ele em 1967, quando abriu para mim as portas do mundo da informação como diretor da Rádio Progresso do Juazeiro, sempre enxerguei e senti em Menezes Barbosa um humanista integral a serviço do jornalismo, da literatura, da história e da sua sociedade. Sempre contemplei e admirei nele exemplos e lições permanentes de estoicismo, na forma filosófica de vida surgida em Atenas 300 anos de Cristo e que tanto influenciou a cultura romana, contribuindo significativamente para o humanismo, sobretudo em termos de moral.

Como seu funcionário e depois como amigo, tornei-me seu discípulo e seu admirador pelo o exercício ativo de sua crença na importância do conhecimento da natureza e da humanidade para relacionamentos e comportamentos que alcancem o valor que todos buscam de levar uma vida feliz.

Suas mais de 25 mil crônicas diárias, ao longo de mais de 60 anos no rádio de Juazeiro do Norte, que resultou no meu livro “O Cronista do Cariri”, são a comprovação de que, como os humanistas estóicos antigos, Menezes Barbosa sempre esteve integrado à sociedade do seu tempo e sua diferença em relação aos antigos estava na sua formação cristã.: Enquanto os antigos adotavam a razão do homem como base de sua percepção, Menezes Barbosa tinha Deus como base da sua percepção do homem.

Assim era sua pauta de vida pessoal e profissional porque foi criado e educado num ambiente familiar saudável, de absoluta fidelidade cristã, de heroísmo virtuoso diante das dificuldades, de aprimoramento moral e de serviço à sua comunidade, pois assim aprendeu e apreendeu a ser como seu pai, José Barbosa, amigo, compadre e discípulo do Padre Cícero, venerável Patriarca do Juazeiro e Santo do Nordeste.

Ele próprio reconheceu: “Devo muito dos meus sucessos, à minha minha forma de encarar a vida, de decidir, de amar ao próximo, de respeitar os direitos e os deveres dos outros, de ser corajoso e firme nos ensinamentos do meu pai que, mesmo pobre, sacrificado, soube oferecer o que havia de melhor em conforto, em ordem moral e dignidade aos seus oito filhos”.

Graças a essa educação e com sua formação intelectual, somada à sua profunda sensibilidade social, Menezes Barbosa fez do jornalismo uma poderosa tribuna para prática e difusão dos valores da generosidade, da solidariedade, da caridade, da religiosidade, da moralidade, da civilidade e da responsabilidade contribuindo para o enriquecimento e o engrandecimento da sociedade de Juazeiro do Norte e do Vale do Cariri, no sul do Ceará.

Seus livros e suas crônicas demonstram grande preocupação com o presente e o futuro de todas as gerações, dedicando atenção especial aos mais idosos: Certa vez, ele me escreveu: “Pela lógica, por justiça, por direito cristão e humano, o homem que desgastou a sua vida na construção do mundo, na programação do progresso, na valorização de sua pátria, na formação do organismo ativo de sua comunidade, deveria ser, na velhice, respeitado, bem tratado, reconhecido como um herói de verdade”.

Com Menezes Barbosa, aprendi numerosas e sábias lições éticas, morais e cristãs de amizade, companheirismo, convivência, tolerância, respeito, gratidão, interação, solidariedade, compartilhamento, comprometimento e aprimoramento nas relações individuais, profissionais e sociais. Menezes Barbosa morreu esta semana aos 96 anos, depois de uma vida inteira inspirada na governança de Deus na ordem universal e nas leis naturais e sociais aplicadas a todos os seres humanos O estoicismo foi a marca mais forte da personalidade do intelectual Meneses Barbosa, ícone da cultura caririense e um dos meus mestres em humanismo. Obrigado, Mestre!”

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