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Técnico do Fortaleza fala sobre a permanência ou saída do time
Ceni garantiu que ainda não recebeu nenhuma proposta e quer definir futuro até quarta-feira (11)
Redação
Rogério Ceni se transformou ídolo do Fortaleza com grandes conquistas Foto: Thiago Gadelha/ Diário do Nordeste

O ano de 2019 foi extremamente vitorioso para o Fortaleza. A temporada já está marcada na história como a de maiores conquistas nos 101 anos do clube. Várias mãos foram determinantes para os resultados obtidos, mas é consenso geral que Rogério Ceni é a personificação do sucesso tricolor.

Apesar das alegrias obtidas, a tensão, agora, não é por nenhuma final de campeonato.

Todos os leoninos aguardam a decisão de Ceni para saber se o maior treinador da história do clube renovará contrato e permanecerá por mais um ano ou se deixará o time.

Em entrevista exclusiva, no início da noite desta sexta-feira (6), no Pici, Rogério Ceni falou. O técnico garantiu que, até agora, não recebeu nenhuma proposta e abriu o jogo sobre detalhes de 2019, a emoção ao ouvir “Fica, Rogério” e a definição sobre seu futuro.

Dá pra dimensionar 2019 como o ano mais vitorioso da história do Fortaleza?

A gente achava que 2018 tinha sido fantástico com a conquista do título da Série B. Eu achei que não fosse possível superar. Mas acho que 2019 fica marcado. Em conversas com pessoas que conhecem muito mais o Fortaleza, todos falam que é o ano mais especial da história do clube. E eu acho que sim. Porque essa alegria que a gente vê do torcedor, acho que valeu muito. Foi um ano cansativo, pesado, mas que foi retribuído com tudo que a gente alcançou.

Qual foi o momento da ‘virada’ no campeonato? Que fez o time arrancar de vez?

Eu falei pro Charles e Nelson (auxiliares), que trabalham comigo, que quem ganhasse o clássico do segundo turno iria se encaminhar bem pra fugir da zona de rebaixamento. Engraçado que as duas equipes chegaram com 36 pontos, e acho que um clássico, na parte final do campeonato… Uma vitória dá muita confiança. Sem dúvida nenhuma. E acho que o jogo da volta, contra o Botafogo, que eu saí de madrugada pra dar treino. Foi o primeiro jogo da minha volta e também foi muito importante aquela vitória. Mas, sem dúvidas, para projeção de chegar na Sul-Americana, foi a vitória no clássico.

Hoje, acha que o melhor era não ter ido pro Cruzeiro? Se tivesse ficado no Fortaleza poderia ter sido ainda melhor?

Acho que poderia, mas tanto pra melhor como pra pior. Não posso afirmar pra você que nós teríamos mais pontos ou mais vitórias… Acho que foi uma revitalização essa saída. Foi um desgaste muito grande pra mim, mas também foi algo pra eles (jogadores) notarem diferença de trabalho, e forma de jogar… Acho que eles passaram a acreditar ainda mais no potencial do time nesse retorno. Pra mim, não foi uma coisa das melhores, tudo que aconteceu. Mas, pro clube, acho que trouxe um combustível a mais para não somente se salvar como garantir uma vaga numa competição internacional. Ir ao Cruzeiro, é um grande clube, não deixa de ser um grande desafio. E ficar no Fortaleza, dentro do contexto, acho que também era uma coisa excepcional. O importante é que nós terminamos o ano com o Fortaleza e cumprindo acima das metas que traçamos.

Recentemente, você disse que o seu coração falava para ficar. O que diz hoje? Vai ficar?

Eu aprendi a gostar da cidade, do povo, da torcida, do estádio, de tudo. Eu gosto muito daqui. Tem muita coisa pra se melhorar, mas é extremamente prazeroso trabalhar aqui. O Fortaleza sem dúvidas, hoje, ocupa um espaço gigantesco no meu coração. Principalmente por sua torcida. Eu não gosto muito de mudança. Sou um pouco avesso a mudanças. É uma questão muito difícil. Porque se tem duas maneiras de pensar. Aqui, eu acho que nós escrevemos uma história muito bacana, praticamente impossível de repetir. E se pensa um pouco também no que quer caminhar, em novos objetivos… Riscos que você corre. Lógico que aqui talvez seja um porto seguro a curto prazo, e sair daqui pode estar correndo novos riscos. Mas a gente sempre quer também estar aprendendo, arriscando, conhecendo coisas novas. Minha vida foi assim. A vida é feita de ciclos. Vamos analisar com calma e eu espero que, no mais tarda, quarta-feira que vem, possa definir. Até sexta-feira que vem temos o prazo para uma resposta. Eu trabalho sozinho. Não tem ninguém que me representa. As decisões elas são minhas, quando eu tomo. Claro que consultando as com as pessoas que trabalham diretamente comigo.

O que vai ser determinante pra decidir se fica ou sai?

Eu prometi pra mim mesmo… Eu tomei uma decisão muito rápida na minha saída, no meio do campeonato, quando fui pro Cruzeiro. E eu prometi pra mim mesmo que eu não queria e não vou tomar nenhuma decisão pensada como essa. Eu quero jogar o jogo domingo. Porque é muito importante essa vitória. Pra mim, pro Fortaleza, pra ter melhores valores… Segunda-feira, eu vou analisar com calma, se houver alguma situação, e vou tomar uma decisão baseado naquilo que eu tenho como projeção futura. Aliar risco a um pouco mais de segurança, uma nova oportunidade ou a continuidade. Mas uma coisa é certa: Sempre levarei o Fortaleza comigo.

Você é cotado no Athletico/PR. Recebeu proposta de lá ou outro clube?

Ainda bem que alguns clubes cogitam a gente e querem a gente. Eu fico muito contente e grato. Não tenho nada, absolutamente nada de propostas na mão. Eu só vou conversar com o presidente pra ouvir uma proposta do Fortaleza primeiro, até domingo, ou domingo pós o jogo. E, se existir uma outra proposta, eu vou avaliar. Não é a questão financeira que vai decidir. O valor em dinheiro não é o que muda. É o que move. Um projeto. Quem sabe, arriscar um passo maior. Um projeto maior. Mas, assim, aqui já é extremamente audacioso. E eu sempre tenho medo de não conseguir entregar aquilo que o torcedor espera. Já foi um risco muito grande porque 2018 foi fantástico, e 2019 eu acho que foi o maior ano da história do Fortaleza. Mas o futebol é muito efêmero.

Os pedidos de “Fica, Rogério”, influenciam?

É a parte mais difícil de ir embora. É quando você se sente querido. Lógico, muito em função do que você entregou como profissional. Mas ele atinge o lado pessoal. O lado emocional. Não tenha dúvida que isso é muito gratificante pra um profissional ser recebido no aeroporto, como foi. No ano passado, quando conquistamos o título da Série B. Eu sou uma pessoa muito emotiva, e, pra mim, eu às vezes prefiro que eles não cantem nada. Porque aí torna as decisões um pouco mais profissionais e não pessoais. O lado pessoal é deixado um pouco de lado. Então assim, eu fico muito contente. Tem coisas que eu só consegui viver aqui no Castelão. A atmosfera que se constrói ali eu posso garantir que é única.

Diário do Nordeste

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