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Juazeiro lembra hoje 10 anos das mortes do advogado Assis Ferreira e do comerciante Joaquim Nobre
O primeiro foi funcionário do Banco do Brasil, advogado, escritor e cronista do Jornal Folha da Manhã em Juazeiro e o outro gerente do Curtume Santo Agostinho e primeiro dono da Gráfica Nobre na Rua Santa Luzia
Demontier Tenório
Assis Ferreira tornou-se advogado e cronista do Jornal Folha da Manhã após se aposentar do Banco do Brasil. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

O Site Miséria lembra exatos 10 anos das mortes de duas pessoas que eram bastante conhecidas em Juazeiro do Norte: Assis Ferreira dos Santos, aos 70, e Joaquim Dias Nobre, aos 60 anos, ambos de complicações cardíacas. O primeiro foi funcionário do Banco do Brasil, advogado, escritor e cronista do Jornal Folha da Manhã em Juazeiro e o outro gerente do Curtume Santo Agostinho e primeiro dono da Gráfica Nobre na Rua Santa Luzia.

Assis residia na Rua Santa Clara (Salesianos) e foi a São Paulo prestigiar a solenidade de formatura de um filho seu quando passou mal na aeronave, sendo internado num Hospital de Guarulhos e ali morreu. Por sua vez, Joaquim fazia o seu cooper matinal e tombou morto na Rua São Paulo após sofrer um infarto fulminante na mesma manhã do dia 13 de fevereiro de 2011.

Ultimamente trabalhava como representante comercial de couros e já havia se submetido a uma cirurgia cardíaca. Joaquim foi casado com a ex-gerente da Caixa Econômica Federal, Janete Nobre, com quem teve os filhos: Lívio e Liane. Já Assis Ferreira viajava com o seu filho Lucas Oliveira Santos, a fim de participar da festa de colação de grau em Química do outro filho, André Oliveira, em São Carlos (SP).

Relembre aqui o conteúdo da última crônica que Assis Ferreira escreveu no dia 8 de fevereiro sob o título “Agora é sua a vez de ir” e antes de viajar para São Paulo:

“Detesto viajar. Todavia, vez por outra tenho de sair de casa. É o caso de agora. Dia 09 (quarta-feira), estarei sendo puxado para um avião por Lucas (meu caçula) a São Carlos (SP) para a colação de grau de André.

Diz André que lá não está fazendo frio. Para mim, frio de 18 graus já é muito. Mas, ou a língua ou o beiço, como dizemos de fazer algo com muito sacrifício. Vou.

Lucas, não. Lucas é andarilho de primeira. Para ele, ir a São Paulo é como ir à venda da esquina. Inventa qualquer coisa para viajar. Mas, sabendo ele que eu detesto viajar, combinou comigo de tomarmos avião aqui, embora em Fortaleza pagássemos menos pelas passagens: “Se formos por Fortaleza, a demora da conexão é grande e o senhor vai-se chatear… Vamos daqui, certo?” Certíssimo!

Pior do que viajar e do que frio é altura. Vão anos, subi em casa para consertar umas telhas. Quem disse que tive coragem de descer? Parecia-me estar nas nuvens! Quase pedi bombeiros, que também servem para descer gente de casa, de árvore.

Tomei uma decisão: vou fazer de conta que não estou viajando, porque a milhares de metros do chão tudo é céu. E torcer para que não haja turbulência, para não enjoar.

Também não vou pensar que uma queda daquelas alturas faz a gente em pedaços. Nem que se cair no mar e tiver a infelicidade de ficar vivo, morro gelado, morro afogado, e sou comido por peixe como uma isca um pouco grande. Menos ainda que não sei nadar. E mesmo que soubesse, em que direção nadar para terra? Quantos dias e noites teria de nadar sem parar para dar a terra? Também não vou pensar que embora o mar tenha muito peixe e muita água, mata de sede e de fome.

Tudo considerado, o ideal seria pedir que me anestesiassem por umas duas horas. Mas não. Verei se encontro alguma coragem de que faça um chá forte. Bebo o chá e meto os peitos. Dê o bicho que der, tenho de ir. Até Maria está contra mim: “Agora é sua a vez de ir”.

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