Saulo Mota
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Cariri. Saulo Mota vive com um pé, ou quem sabe o corpo todo, no mundo da cultura. Escreve de tudo um pouco e um pouco de tudo, às vezes de forma crítica e às vezes nem tanto.
Saulo Mota
Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Cariri. Saulo Mota vive com um pé, ou quem sabe o corpo todo, no mundo da cultura. Escreve de tudo um pouco e um pouco de tudo, às vezes de forma crítica e às vezes nem tanto.
Foto: Reprodução
Nos últimos dias, diversos atores, produtores e agentes de Hollywood estão sendo demitidos por criticarem publicamente os bombardeios de Israel.
A recente demissão da atriz Melissa Barrera, que interpretou Sam Carpenter em ‘Pânico V’ (2022) e ‘Pânico VI’ (2023), acendeu o debate de como a maior indústria de cinema do mundo lida com o confronto Israel x Hamas e como isso pode afetar as produções cinematográficas.
Barrera foi demitida após fazer publicações em suas redes sociais de cunho pró-Palestina, denunciando que “Gaza está atualmente sendo tratada como um campo de concentração” e que a população palestina atualmente sofre “genocídio e limpeza étnica”.
Em um comunicado, a produtora Spyglass Media Group, atual responsável pela franquia de filmes de terror ‘Pânico’ (‘Scream’), diz ter “tolerância zero com o antissemitismo ou com o incitamento ao ódio sob qualquer forma, incluindo falsas referências ao genocídio, à limpeza étnica, à distorção do Holocausto ou a qualquer coisa que ultrapasse flagrantemente os limites do discurso de ódio.”
Outro caso foi o da atriz Susan Sarandon, ganhadora do Oscar por Os Últimos Passos de um Homem, demitida pela sua agência depois de fazer um discurso considerado antissemita em um protesto pró-Palestina em Nova York. “Há muitas pessoas com medo de serem judias neste momento e estão experimentando o que é ser muçulmano neste país”, disse ela.
No início de novembro, Maha Dakhil, codiretora do departamento cinematográfico da CCA, importante agência de talentos de Hollywood, chegou a ser dispensada do cargo após publicar em suas redes sociais um texto onde afirma que mais doloroso do que testemunhar um genocídio seria testemunhar “a negação de que o genocídio está acontecendo.”
O ator Tom Crousie, um importante cliente da agência, chegou a visitar o escritório da CCA para defender Dakhil pessoalmente e declarar apoio a ela. A agente foi readmitida no quadro de funcionários, porém sem o cargo de liderança.
Isso é só a ponta do iceberg. Quantos outros atores, atrizes, produtores e agentes estão sendo prejudicados por criticarem os bombardeios de Israel? Por expressarem sua opinião diante de ataques a hospitais e escolas?
O clima de hostilidade e de sionismo, um movimento político e ideológico que defende a autodeterminação do povo judeu e a criação de um Estado judeu na Terra de Israel, vem crescendo em Hollywood, que aparenta sim ter um lado declarado. E isso fica ainda mais claro quando o ator Noah Schnapp, estrela de Stranger Thing, debocha da guerra em vídeos ao lado de amigos e nada lhe acontece.
Toda essa pressão política e cerceamento da liberdade de expressão, tida aqui como válida, vem gerando medo e dúvidas de como as produções cinematográficas irão continuar, como é o caso de ‘Pânico’. Qual será o destino da franquia após a demissão de sua protagonista? Tudo ainda é muito incerto.