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Cultura

Saulo Mota

Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Cariri. Saulo Mota vive com um pé, ou quem sabe o corpo todo, no mundo da cultura. Escreve de tudo um pouco e um pouco de tudo, às vezes de forma crítica e às vezes nem tanto.

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Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Cariri. Saulo Mota vive com um pé, ou quem sabe o corpo todo, no mundo da cultura. Escreve de tudo um pouco e um pouco de tudo, às vezes de forma crítica e às vezes nem tanto.

O que “Black Mirror” ainda pode oferecer em um mundo que já é “tão Black Mirror”?
Dividida em cinco episódios, a sexta temporada da série segue a premissa das anteriores ao ser uma narrativa antológica.
Foto: Reprodução

Após um hiato de quatro anos, Black Mirror retorna à Netflix em uma nova temporada. Lançada em 2011, a série de televisão britânica, criada por Charlie Brooker, mistura ficção científica, suspense e sátira para questionar o papel da tecnologia em nossas vidas e expor as consequências negativas de seu uso excessivo ou mal direcionado. 

Já parou para pensar o tanto que o mundo mudou após o lançamento da quinta temporada? Passamos por uma pandemia global, que obrigou a sociedade rever os meios de interação, fortalecendo o uso das redes sociais, a inteligência artificial ganhou cada vez mais espaço com o ChatGPT e a deepfake, além de uma revolução cultural que potencializou a dependência de tecnologia. Em um mundo tão Black Mirror, o que a nova temporada ainda tem a oferecer?

Dividida em cinco episódios, a sexta temporada da série segue a premissa das anteriores ao ser uma narrativa antológica, apresentando a cada episódio um novo enredo, mas que compartilham de uma mesma abordagem provocativa ao misturar ficção científica e moralidade humana. Ao longo da série são abordados temas como privacidade, consumo de conteúdo violento, submissão aos algoritmos, “termos de uso” das plataformas e inteligência artificial. 

É inegável que as primeiras temporadas de Black Mirror são de longe as melhores. Nunca iremos esquecer o quão impactante foi o primeiro episódio da primeira temporada, ao nos apresentar um enredo chocante e perturbador que coloca o espectador em uma situação desconfortável, desafiando as noções convencionais de moralidade. Esse tom sombrio e provocativo viria a ser a marca registrada de Black Mirror.

Com o passar dos anos a essência da série foi se perdendo e a nova temporada parece se distanciar ainda mais de suas origens ao entregar enredos mais ligados à fantasia do que a ficção científica. Inclusive, o último episódio da sexta temporada não possui nenhum elemento tecnológico. Em declaração, Charlie Brooker, disse que a série nunca se tratou apenas de tecnologia e sim sobre como a sociedade está “ferrada”.

Apesar disso, a temporada consegue entregar alguns pontos altos como atuações excelentes, narrativas com diferentes gêneros, uma direção que consegue construir um ambiente único para cada episódio, abordando temas amplos e complexos, misturando humor e terror. Aqui, a tecnologia se torna apenas uma coadjuvante e a ficção científica um plano de fundo para colocar os personagens em uma posição de tomada de decisão que questiona seus próprios princípios. Até onde vai a moral e a ética em um mundo tão conectado?

Então, caro leitor, se você busca assistir a nova temporada de Black Mirror na esperança de sentir aquele embrulho no estômago presente nos antigos anos da série, sinto muito em lhe dizer, mas você possivelmente irá se decepcionar.

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