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O Brasil foi um dos fatores determinantes durante as negociações da Conferência das Partes pelo Clima (COP 27), que aconteceu em Sharm-El-Sheikh, no Egito. Líderes mundiais, ativistas e cientistas se reuniram para debater o futuro climático e medidas de adaptação que devem ser tomadas pelos governos. Neste ano, dois Brasis foram expostos, de um lado, o cenário omisso do quase ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e do outro, os desejos da nova gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No lado de cá, o posicionamento oficial do governo não surpreendeu. O estande brasileiro se amparou na produção de energias renováveis e reproduziu o discurso das oportunidades industriais na região amazônica, desconsiderando os índices de desmatamento, que em outubro já bateram um novo recorde.
Desde o início do governo, Bolsonaro criou um Brasil paralelo onde tentou vender a imagem de um país livre de devastação ambiental. Excepcionalmente em todos os discursos do presidente, fora e dentro da bolha brasileira, houve a negação do cenário real, além de uma série de desmontes nos órgãos fiscalizadores e o incentivo de práticas ilegais, como o garimpo e mineração dentro das terras indígenas.
O presidente não compareceu ao evento, mas o representante do governo e ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Joaquim Leite, esteve na conferência e discursou sobre o avanço da atividade agrícola no país, destacando a implementação de políticas junto com o setor privado, mas deixou de lado o aumento nas emissões brasileiras de gases poluentes relacionados a esse setor.
No lado oposto, o pavilhão do novo governo foi base para políticos, cientistas e membros da sociedade civil que defendem a proteção da Amazônia. Ovacionado durante sua chegada à COP, Lula discursou oficialmente e reforçou o compromisso com a pauta climática no seu mandato.
Amparado pelas ex-ministras Marina Silva e Izabella Teixeira (Meio Ambiente), e as parlamentares Sônia Guajajara, Célia Xakriabá e Joênia Wapichana, Lula se mostra com pulso firme na retomada da política ambiental e climática.
Entre os encontros e reuniões bilaterais, é possível notar “a volta” do país, como fala o presidente eleito. Noruega e Alemanha já retomaram os investimentos para preservação da Amazônia e os rumores sobre a formação do bloco florestal estão perto de serem concretizados.
Apesar do compromisso, o Brasil que ficou é um país de missões não cumpridas, retrocesso ambiental, social e político. Lidar e reverter este cenário vai além do alcance dos poderes de um governante, mas Lula terá, e com razão, o aperto firme vindo das mãos dos povos originários e a vigília incessante dos governos internacionais.
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