Saulo Mota - Site Miséria https://www.miseria.com.br/editoria/coluna/saulo-mota/ Aconteceu - Tá no Miséria Fri, 24 Nov 2023 20:11:21 +0000 pt-BR hourly 1 Como a guerra Israel X Hamas afeta Hollywood? https://www.miseria.com.br/coluna/saulo-mota/como-a-guerra-israel-x-hamas-afeta-hollywood/ Fri, 24 Nov 2023 18:50:09 +0000 https://www.miseria.com.br/?p=179906 Nos últimos dias, diversos atores, produtores e agentes de Hollywood estão sendo demitidos por criticarem publicamente os bombardeios de Israel. A recente demissão da atriz Melissa Barrera, que interpretou Sam Carpenter em ‘Pânico V’ (2022) e ‘Pânico VI’ (2023), acendeu o debate de como a maior indústria de cinema do mundo lida com o confronto […]

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Nos últimos dias, diversos atores, produtores e agentes de Hollywood estão sendo demitidos por criticarem publicamente os bombardeios de Israel.

A recente demissão da atriz Melissa Barrera, que interpretou Sam Carpenter em ‘Pânico V’ (2022) e ‘Pânico VI’ (2023), acendeu o debate de como a maior indústria de cinema do mundo lida com o confronto Israel x Hamas e como isso pode afetar as produções cinematográficas.

Barrera foi demitida após fazer publicações em suas redes sociais de cunho pró-Palestina, denunciando que “Gaza está atualmente sendo tratada como um campo de concentração” e que a população palestina atualmente sofre “genocídio e limpeza étnica”.

Em um comunicado, a produtora Spyglass Media Group, atual responsável pela franquia de filmes de terror ‘Pânico’ (‘Scream’), diz ter “tolerância zero com o antissemitismo ou com o incitamento ao ódio sob qualquer forma, incluindo falsas referências ao genocídio, à limpeza étnica, à distorção do Holocausto ou a qualquer coisa que ultrapasse flagrantemente os limites do discurso de ódio.”

Outro caso foi o da atriz Susan Sarandon, ganhadora do Oscar por Os Últimos Passos de um Homem, demitida pela sua agência depois de fazer um discurso considerado antissemita em um protesto pró-Palestina em Nova York. “Há muitas pessoas com medo de serem judias neste momento e estão experimentando o que é ser muçulmano neste país”, disse ela.

No início de novembro, Maha Dakhil, codiretora do departamento cinematográfico da CCA, importante agência de talentos de Hollywood, chegou a ser dispensada do cargo após publicar em suas redes sociais um texto onde afirma que mais doloroso do que testemunhar um genocídio seria testemunhar “a negação de que o genocídio está acontecendo.”

O ator Tom Crousie, um importante cliente da agência, chegou a visitar o escritório da CCA para defender Dakhil pessoalmente e declarar apoio a ela. A agente foi readmitida no quadro de funcionários, porém sem o cargo de liderança.

Isso é só a ponta do iceberg. Quantos outros atores, atrizes, produtores e agentes estão sendo prejudicados por criticarem os bombardeios de Israel? Por expressarem sua opinião diante de ataques a hospitais e escolas?

O clima de hostilidade e de sionismo, um movimento político e ideológico que defende a autodeterminação do povo judeu e a criação de um Estado judeu na Terra de Israel, vem crescendo em Hollywood, que aparenta sim ter um lado declarado. E isso fica ainda mais claro quando o ator Noah Schnapp, estrela de Stranger Thing, debocha da guerra em vídeos ao lado de amigos e nada lhe acontece.

Toda essa pressão política e cerceamento da liberdade de expressão, tida aqui como válida, vem gerando medo e dúvidas de como as produções cinematográficas irão continuar, como é o caso de ‘Pânico’. Qual será o destino da franquia após a demissão de sua protagonista? Tudo ainda é muito incerto.

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O que “Black Mirror” ainda pode oferecer em um mundo que já é “tão Black Mirror”? https://www.miseria.com.br/coluna/saulo-mota/o-que-black-mirror-ainda-pode-oferecer-em-um-mundo-que-ja-e-tao-black-mirror/ Fri, 23 Jun 2023 18:40:46 +0000 https://www.miseria.com.br/?p=163948 Após um hiato de quatro anos, Black Mirror retorna à Netflix em uma nova temporada. Lançada em 2011, a série de televisão britânica, criada por Charlie Brooker, mistura ficção científica, suspense e sátira para questionar o papel da tecnologia em nossas vidas e expor as consequências negativas de seu uso excessivo ou mal direcionado.  Já […]

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Após um hiato de quatro anos, Black Mirror retorna à Netflix em uma nova temporada. Lançada em 2011, a série de televisão britânica, criada por Charlie Brooker, mistura ficção científica, suspense e sátira para questionar o papel da tecnologia em nossas vidas e expor as consequências negativas de seu uso excessivo ou mal direcionado. 

Já parou para pensar o tanto que o mundo mudou após o lançamento da quinta temporada? Passamos por uma pandemia global, que obrigou a sociedade rever os meios de interação, fortalecendo o uso das redes sociais, a inteligência artificial ganhou cada vez mais espaço com o ChatGPT e a deepfake, além de uma revolução cultural que potencializou a dependência de tecnologia. Em um mundo tão Black Mirror, o que a nova temporada ainda tem a oferecer?

Dividida em cinco episódios, a sexta temporada da série segue a premissa das anteriores ao ser uma narrativa antológica, apresentando a cada episódio um novo enredo, mas que compartilham de uma mesma abordagem provocativa ao misturar ficção científica e moralidade humana. Ao longo da série são abordados temas como privacidade, consumo de conteúdo violento, submissão aos algoritmos, “termos de uso” das plataformas e inteligência artificial. 

É inegável que as primeiras temporadas de Black Mirror são de longe as melhores. Nunca iremos esquecer o quão impactante foi o primeiro episódio da primeira temporada, ao nos apresentar um enredo chocante e perturbador que coloca o espectador em uma situação desconfortável, desafiando as noções convencionais de moralidade. Esse tom sombrio e provocativo viria a ser a marca registrada de Black Mirror.

Com o passar dos anos a essência da série foi se perdendo e a nova temporada parece se distanciar ainda mais de suas origens ao entregar enredos mais ligados à fantasia do que a ficção científica. Inclusive, o último episódio da sexta temporada não possui nenhum elemento tecnológico. Em declaração, Charlie Brooker, disse que a série nunca se tratou apenas de tecnologia e sim sobre como a sociedade está “ferrada”.

Apesar disso, a temporada consegue entregar alguns pontos altos como atuações excelentes, narrativas com diferentes gêneros, uma direção que consegue construir um ambiente único para cada episódio, abordando temas amplos e complexos, misturando humor e terror. Aqui, a tecnologia se torna apenas uma coadjuvante e a ficção científica um plano de fundo para colocar os personagens em uma posição de tomada de decisão que questiona seus próprios princípios. Até onde vai a moral e a ética em um mundo tão conectado?

Então, caro leitor, se você busca assistir a nova temporada de Black Mirror na esperança de sentir aquele embrulho no estômago presente nos antigos anos da série, sinto muito em lhe dizer, mas você possivelmente irá se decepcionar.

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