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Juazeiro celebra hoje 100 anos de nascimento do Frei Virgílio que morreu há 16 dias
Católicos de Juazeiro do Norte estariam celebrando neste domingo a passagem dos 100 anos de nascimento do frade capuchinho, frei Virgílio Sales Correia
Demontier Tenório
Frei Virgílio em frente ao majestoso Santuário de São Francisco em Juazeiro que ajudou a construir (Foto: Demontier Tenório)

Católicos de Juazeiro do Norte estariam celebrando neste domingo a passagem dos 100 anos de nascimento do frade capuchinho, frei Virgílio Sales Correia, se este não tivesse falecido no último dia 27 de maio. Era o único remanescente dos quatro frades que lideraram o esforço pela construção do Santuário de São Francisco em Juazeiro e faleceu no Hospital da Unimed onde se tratava de infecções urinária e pulmonar. O corpo de Frei Virgílio foi sepultado no Cemitério Parque das Flores por opção própria.

É que, no ano de 2006, ele trouxe do Cemitério Vila Formosa de São Paulo, os restos mortais da sua mãe, Ernestina Bezerra Correia, que ali tinha sido sepultada no ano de 1969. Por isso, o sepultamento do frade capuchinho no mesmo jazigo da sua mãe em Juazeiro. No último dia 8 de dezembro, Frei Virgílio comemorou a passagem dos 73 anos da sua ordenação sacerdotal, que ocorreu no mesmo Seminário da Prainha em Fortaleza, onde o Padre Cícero conquistou suas ordens sacerdotais.

Ele tinha apenas 12 anos de idade quando ingressou no Seminário de Messejana no dia 31 de março de 1935, pois nascera em Messejana no dia 12 de junho de 1922. Cabelos brancos, voz e passadas firmes, morava numa casa no estacionamento São Francisco e um dos últimos projetos seus foi dotar o santuário de uma via sacra por meio de enormes quadros idealizados por ele. Além disso, a modernização da base em torno do monumento em homenagem à São Francisco no meio da Praça das Almas.

Sobre a construção do Santuário de São Francisco em Juazeiro, Frei Virgílio lembra que tudo começou de forma trágica. No dia do lançamento da pedra fundamental da obra – 6 de janeiro de 1950 – o monsenhor Juviniano Barreto, foi morto a facadas por um doente mental. Ele só chegou ao Juazeiro dois dias após esse fato, desembarcando na estação ferroviária. A partir daí passou a peregrinar em missões e visitas pastorais com o objetivo de angariar recursos para a construção do templo religioso.

Na época, Juazeiro tinha apenas 39 anos de emancipação política e alguns viam a ideia do grandioso santuário como ousadia. Hoje, um dos maiores e mais belos Santuário de São Francisco de Assis, no Nordeste. Ele foi construído em forma de cruz latina dupla e fica numa área aproximada de 30 mil metros quadrados. A sua torre foi fincada num alicerce de oito metros de profundidade e possui 45 metros de altura ostentando um carrilhão com oito sinos, todos fabricados no ano de 1954, na Itália.

Num deles, foram esculpidas imagens de santos como São Francisco; Nossa Senhora das Dores, Padroeira de Juazeiro; São José, padroeiro do Ceará; São Carlos, em cuja igreja localizada em Roma o Padre Cícero e o monsenhor Murilo celebraram; São Ambrósio, que foi papa; São Ludovico; Santa Isabel; e Santo Antônio, que foi capuchinho e um dos primeiros seguidores de São Francisco.

Em cima da torre ainda restam os destroços do órgão no qual o frei Francisco de Chiaravale – engenheiro na construção do santuário – tocava a Ave Maria, diariamente, às cinco horas. Aos sábados, executava o Ofício de Nossa Senhora. Além do templo, o complexo é formado por um convento, seminário, escola, asilo de idosos, Centro de Apoio aos Romeiros e a Praça das Almas, uma enorme área para concentrações populares capaz de abrigar 50 mil fiéis.

De acordo com o Frei Virgílio, rodeada por arcadas com 224 colunas e ainda oferece condições para um passeio panorâmico em volta do santuário. Ele observa que todas as pessoas que doaram dinheiro à Ordem Franciscana para construir o Santuário, ganharam homenagens com a afixação dos nomes nas estrelas que ainda hoje formam o teto do templo. Ele foi, também, o responsável pela construção do Centro de Apoio com a ajuda do então governador do Ceará, Adauto Bezerra.

Frei Virgílio foi homem de personalidade forte e costumava dizer que “quando era novo queria corrigir o mundo”. Avesso às jogatinas, ele ia, pessoalmente, às casas de jogos desmontar as bancas. Até enquanto foi possível, era comumente visto ao volante de sua Kombi branca trafegando pelas ruas de Juazeiro. Em casa, estava quase sempre com a Bíblia em mãos ou rezando no seu oratório, uma espécie de presépio de Natal bastante iluminado.

A vinda dos frades capuchinhos para Juazeiro foi em atenção a um convite feito pelo Padre Cícero. Numa carta do seu próprio punho, datada de 19 de novembro de 1914, o então prefeito de Juazeiro do Norte dirigiu-se ao frei Cyríaco Hislscher manifestando o desejo de ver uma casa dos franciscanos menores no Município. Na época, Padre Cícero os definia como “missionários cheios de fé e a intenção era vê-los auxiliando na evangelização dos juazeirenses e romeiros que visitam a cidade”.

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