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Juazeiro lembrou 20 anos da morte do radialista Dário Maia Coimbra, o “Darim”
Darim, como era carinhosamente conhecido, foi radialista, jornalista, produtor, funcionário público municipal, secretário da Junta Militar, comerciante e escritor.
Demontier Tenório
Juazeiro lembrou 20 anos da morte do radialista Dário Maia Coimbra, o “Darim”
“Darim” morreu no dia 22 de julho de 2001 quando Juazeiro comemorava 90 anos de emancipação política (Reprodução)

Como forma de homenagem póstuma o Site Miséria lembra exatos 20 anos da morte do radialista Dário Maia Coimbra, o “Darim”, que transcorreu nesta quinta-feira. Ele nasceu em Juazeiro no dia 12 de Abril de 1932 e faleceu no dia 22 de julho de 2001 em nossa cidade. Era filho de Raimundo Fernandes Coimbra e Vicentina Fernandes Maia e foi casado com Cícera Silva Coimbra, cujo casal teve os filhos Dáiro e Polyana Silva Coimbra Cruz que foi vereadora e secretária em Barbalha e morreu em maio de 2019.

Darim, como era carinhosamente conhecido, foi radialista, jornalista, produtor, funcionário público municipal, secretário da Junta Militar, comerciante e escritor. Ele foi fundador do serviço de alto falantes CRP (Centro Regional de Publicidade), que antecedeu as emissoras de rádio em Juazeiro, membro do Instituo Cultural do Vale do Cariri (ICVC), escreveu três livros e diversos panfletos educativos e informativos a exemplo de “Juazeiro – Capital da fé e do trabalho”.

Foi atleta, preparador físico e dirigente do Treze Sport Clube por cuja equipe foi tetra-campeão e campeão pelo Crato Atlético. No ano de 1966 Darim foi eleito vereador em Juazeiro e concorreu ao cargo de vice-prefeito em duas oportunidades. Era um apaixonado por Juazeiro e grande devoto do Padre Cícero, tendo sido o responsável pela criação da Semana do Padre Cícero. Foi membro ativo por quase 40 anos do Lions Club e um autêntico carnavalesco.

Sobre o homenageado, o jornalista e escritor Jota Alcides escreveu a crônica: “Darim: CRP Escola do Rádio”:

Mestre da ironia socrática, aquela capaz de demolir orgulho, ignorância e presunção, mas sem sarcasmo pois não era de ofender ninguém, ele tinha habilidade e facilidade para fazer rir com seu enorme repertório de “causos” domésticos, urbanos, políticos, esportivos e históricos. Como nessa referência ao fato ocorrido no Juazeiro em 1926, tempo da Coluna Prestes: “Sabem por que o agrônomo Pedro Uchoa, único servidor do Governo Federal no Juazeiro, no tempo que Lampião, o Rei do Cangaço, veio visitar o Padre Cícero, assinou um documento, sem nenhum valor legal, concedendo a patente de capitão ao bandoleiro Virgulino Ferreira da Silva, o terror dos sertões do Nordeste? Sempre que lhe perguntaram isso, Pedro Uchoa tinha a mesma resposta: “Naquela hora, eu assinava até a demissão do Presidente Artur Bernardes, quanto mais a nomeação de Virgulino”. Por isso, Pedro Uchoa ganhou o apelido de Rei do Cangaço, sem o n, naturalmente”.(risadas).

Foi assim que conheci o bem humorado jornalista, radialista, publicitário, escritor e folclorista Dario Maia Coimbra, o querido Darim, no final de 1967, numa reunião do Lions Clube do Juazeiro, na sede do antigo Treze Atlético Juazeirense. Pouca gente sabe, mas Darim, além de todas as suas atividades, principalmente diretor do Centro Regional de Publicidade-CRP, primeira difusora amplificadora do Juazeiro, era exímio animador do Lions, uma figura responsável pela animação das reuniões do clube com piadas, anedotas e estórias de humor, uma tarefa que Darim cumpria com indisfarçável prazer.

Filho da tradicional família Coimbra, do Juazeiro, nascido em 12 de abril de 1932, teve como pais Raimundo Fernandes Coimbra e dona Vicentina Fernandes Maia. Casou em 29 de junho de 1962 com Cícera Silva Coimbra, ex-vereadora do Juazeiro, com quem teve os filhos Dáiro e Polyana. Grande desportista e carnavalesco do Juazeiro, foi membro da Liga Desportiva Juazeirense, e era uma presença marcante nos carnavais de rua e de clubes, um dos maiores foliões do Juazeiro.

Brilhou também na década de 50 como jogador de futebol do Treze Atlético Juazeirense e da Seleção do Juazeiro. Mas Darim entrou mesmo para história do Juazeiro como homem de comunicação. Começou sua carreira em 1948 como discotecário e controlista do Centro Regional de Publicidade-CRP, então dirigido pelo seu irmão, Antonio Fernandes Coimbra (Mascote). Depois, virou corretor e redator de anúncios, redator de programação e gerente.

Com 22 alto falantes instalados em pontos estratégicos da área central da cidade, o CRP de 1948 já era uma difusora com 10 anos de atividades e devidamente integrada ao desenvolvimento do Juazeiro, como conta o próprio Darim em depoimento ao companheiro Luiz Carlos de Lima para seu livro “Surfando nas Ondas do Rádio”: “Estava chegando o final do ano de 1937. A cidade de Juazeiro do Norte continuava a crescer. Notava-se que um órgão de publicidade-comunicação estava faltando para ajudar ao desenvolvimento da Terra do Padre Cícero. E foi assim pensando que Raimundo Gomes de Figueiredo idealizou instalar o Centro Regional de Publicidade que, com a sigla CRP, escreveu seu nome na história de Juazeiro do Norte”.

E escreveu de forma brilhante, cumprindo uma verdadeira epopéia, porque foi o CRP quem gerou alguns dos maiores nomes da radiofonia juazeirense e caririense. O maior deles, sem dúvida, Lourival Marques, que foi diretor do CRP, de onde saiu em 1943 para a Ceará Rádio Clube, em Fortaleza, e de lá para o Rio de Janeiro, onde se tornou diretor artístico da Rádio Nacional, então a principal emissora do País, líder absoluta de audiência na Era de Ouro do rádio brasileiro.

Sobre Lourival, diretor do CRP, disse Darim no mesmo depoimento: ‘”Criou programas dignos de emissoras de rádio. Homem nascido para o ramo, Lourival lançou os programas “Galo Duro” (perguntas e respostas), por sinal em estilo instrutivo, “Hora do Calouro”, “Teatro pelo Microfone” (com a participação da juventude juazeirense), constituindo-se numa verdadeira escola-teatro, “Hora do Guri” e outros. Sua capacidade radiofônica foi logo vista pelos homens da capital, tanto assim que, em pouco tempo, foi chamado para a Ceará Rádio Clube de Fortaleza”.

 Mas, do CRP também saíram: Aderson Brás, locutor e produtor da Ceará Rádio Clube; Coelho Alves, diretor da Rádio Iracema do Juazeiro; Menezes Barbosa, diretor da Rádio Progresso do Juazeiro; Alceli Sobreira, que chegou a brilhar na Rádio Piratininga de São Paulo; João Barbosa, gerente comercial da Rádio Progresso do Juazeiro; Souza Menezes, cronista da Rádio Iracema do Juazeiro; Geraldo Alves, comandante do programa “Discoteca do Fã” na Rádio Iracema do Juazeiro; Geraldo Batista, apresentador do Repórter Cariri na Radio Progresso do Juazeiro; Luiz Carlos de Lima, locutor esportivo da Rádio Iracema do Juazeiro; e o próprio Dário Maia Coimbra, chefe de esportes na primeira década da Rádio Iracema do Juazeiro. </ i>

Mais nomes de destaque na radiofonia regional que saíram do CRP: Vilmar Lima. Erivan Xavier, José Carlos Pimentel, Valmir Lima, Waldir Feitosa, Estevão Rodrigues, Barbosa da Silva, Robson Xavier. O CRP funcionava feito uma autêntica emissora de rádio, com estúdio e pequeno auditório, na rua São Francisco, em frente à Praça Padre Cícero. Foi, na verdade, uma Escola do Rádio que colocou dezenas de profissionais nos mercados regional e nacional.

Dário Maia Coimbra foi dono e diretor do CRP a partir de 1954, quando Juazeiro já tinha sua primeira emissora, a Rádio Iracema, desde 1951. Na gestão de Darim, o CRP ganhou uma programação mais variada e dinâmica, incluindo noticiosos nacionais e internacionais, crônicas, resenhas esportivas, curiosidades culturais e científicas, seleção musical atualizada e reforço publicitário com o início da propaganda volante.

Passou a ser comum ver nas ruas do Juazeiro do Meu Tempo, nos anos finais da década de 1960, a Kombi de Darim, ele próprio dirigindo, com seus alto falantes anunciando as ofertas e promoções de preços baixos das principais lojas comerciais da cidade. Lá vem Darim: “Faça boas compras na Casa Branca, a garça de sua economia”. “Beba Cajuína São Geraldo, o melhor refrigerante de caju, um produto genuinamente juazeirense”. “Senhora dona de casa, confira o festival de preços baixos d’A Vencedora em ferramentas e utilidades para o lar. Passe n’A Vencedora e saia de lá vencedora em economia”.

Foi assim que Dário Maia Coimbra fez história com o CRP que ele mesmo chamava “Escolinha do Rádio de Juazeiro do Norte”. Existiu e serviu ao desenvolvimento do Juazeiro durante 35 anos até 14 de julho de 1972. Além de diretor do CRP, Darim foi locutor da Rádio Iracema e da Rádio Vale do Cariri com o seu programa “DMC Variedades”. Ardoroso defensor do Juazeiro, do qual era ufanista, Darim criou a Semana do Padre Cícero, que é celebrada todos os anos no mês de março.

Por sua participação expressiva no progresso do Juazeiro, como jornalista, radialista, publicitário, articulista, folclorista e desportista, o Governo municipal criou em 11 de março de 2013 a Comenda Dário Maia Coimbra para homenagear, anualmente, profissionais que se destacarem no jornalismo e nos esportes na Metrópole do Cariri. Como escritor, membro do ICVC, Darim deixou os livros: “Os construtores do Juazeiro” e “Evocação ao Humor”.

Para ele, o humor era mais importante que a inteligência e repetia Bertrand Russell: “O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certezas”. Por isso era um piadista militante, onde passava irradiava fina ironia e humor inteligente. Consta que, num domingo de manhã, enquanto circulava com sua Kombi fazendo propaganda volante, ao passar ao lado da Matriz, viu o seu amigo Padre Murilo de Sá Barreto, outro bem-humorado adepto da ironia socrática.

Darim aproximou-se: “Padre Murilo, tenho uma dívida de 20 cruzeiros contraída com Quinco Carvalho, dias antes de sua morte. Estou querendo mandar celebrar uma missa e devolver o dinheiro aos familiares”. Padre Murilo: “Darim com esse dinheiro você não manda celebrar nem meia missa”. Darim: “Nem mal rezada, Padre?” Padre Murilo: “Nem celebrada por mim!” Leitor e admirador de Miguel de Cervantes, dele guardava essa pérola: “A formosura da alma campeia e denuncia-se na inteligência, na honestidade, no reto procedimento, na liberalidade e na boa educação”.

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