Médico Alergoimunologista Cícero Inácio (arquivo pessoal)
O Brasil atualmente administra dois imunizantes no seu Programa Nacional de Imunização contra a Covid-19: a Coronavac, do Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac, e a vacina produzida pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório inglês AstraZeneca.
Além destas, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já autorizou o uso definitivo da vacina do laboratório americano Pfizer e o emergencial do imunizante da Janssen, subsidiária farmacêutica da Johnson & Johnson.
Após o registro de casos de infecção pela Covid-19 em pessoas já vacinadas, muitos questionamentos surgiram na internet e meios de comunicação sobre a eficácia das vacinas em prevenir a contaminação.
Para esclarecer questionamentos e destacar pontos importantes, o Site Miséria entrevistou o médico alergoimunologista Cícero Inácio do Instituto de Clínicas Médicas Especializadas do Cariri (ICMED CARIRI). Leia:
Site Miséria: Doutor, por que a vacinação é importante?
Dr. Cícero Inácio: A vacinação tem por objetivo apresentar o “inimigo” (agente infeccioso) para os “combatentes” do sistema imunológico previamente para que este produza “armas e células específicas e suficientes” (anticorpos e linfócitos) para combater esse inimigo. Resumindo, é fazer com que as pessoas não adoeçam ou que, se acontecer, que seja leve e sem danos.
SM: Como a vacinação em massa pode frear a pandemia de Covid-19?
CI: A vacinação em massa tem objetivo de reduzir a níveis mínimos os casos de qualquer doença, porém para tanto necessita que a mesma seja eficaz. A ANVISA considera eficaz acima de 50% para o Brasil. Quando mais da metade da população for vacinada com uma vacina eficaz, com certeza inicia o controle de tal doença.
SM: A vacina do Instituto Butantan, alvo de questionamentos mesmo após aprovação da Anvisa, é um desses caminhos de freamento?
CI: De acordo com os dados aceitos pela ANVISA, sim, porém quanto maior a eficácia, maior será o controle.
SM: Por que vacinados podem se infectar?
CI: Nenhuma vacina no mundo é 100% eficaz. Esta depende da resposta pessoal do indivíduo e outros fatores, porém existem relatos de casos de infecção pelo Coronavírus, inclusive graves e óbitos, após a vacinação. Os meios de comunicação falam bastante da Coronavac, porém ainda dentro dos parâmetros considerados pela ANVISA.
SM: Como os imunizantes atualmente aprovados pela Anvisa podem barrar o desenvolvimento grave da doença?
CI: Os imunizantes usados no Brasil estão dentro da eficácia considerada pela ANVISA. O da Astrazeneca com eficácia maior que o do Butantan. Eu considero que 1% é melhor que 0%, imagina 50%. Então, devemos continuar com o programa de vacinação e cada uma das farmacêuticas fazerem suas reconsiderações e modificações necessárias para aumentar cada vez mais a eficácia de seus imunizantes.