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Ultimamente muitos espaços têm sido alvo de ataques frontais. Ataques que visam desqualificar o campo em sua integridade, mas, sobretudo, os profissionais daquela área. Todavia, é importante ponderar que, provavelmente, poucas áreas têm sofrido tanto quanto o jornalismo profissional, de qualidade e fiel a princípios éticos. Sim, o jornalismo e os jornalistas vivem há anos em constante ataque. Acentuadamente, ano após ano, ser jornalista no sentido mais real desta profissão vem tornando-se um perigo.
O exercício do jornalismo é o exercício do incômodo. O jornalismo verdadeiro incomoda. Incomoda, pois tem como mola propulsora da sua atuação o desvendar dos mistérios que garantem as benesses de uns em demérito de outros. O jornalismo verdadeiro incomoda porque pensa e faz pensar, porque não se curva à vontade dos grandes, que do alto onde se colocam desejam apenas subjugar os que compõem a base da pirâmide.
O jornalismo do diário tem como objetivo dedicar-se àquilo que é fundamentalmente de interesse público, buscando desviar das armadilhas que existem cotidianamente no caminho. A luta do jornalismo ético cresce a todo instante, pois, esse contexto primordial ao exercício da profissão parece se perder em diversos espaços. Assim, todos dias o jornalismo real age para manter-se conectado ao corpo social, compreendendo e descobrindo aquilo que interfere na sua vivência e sobrevivência.
Em meio a luta para observar os fatos tal o são; os espaços de poder, constituídos e não constituídos, sentem o incômodo do jornalismo. E ao sentir o incômodo agem para desqualificar profissionais e veículos. E desta forma crescem os discursos de ódio que atentam contra o trabalhador da informação. Envoltos em uma bolha sem fim, pessoas passam a sentir-se no direito de cercar e agredir profissionais que têm como norte de existência, exclusivamente, narrar os fatos e, em quadros muitos específicos, tecer comentários sobre eles. Em uma seara democrática o jornalismo é indispensável, pois sem informação não existe democracia.
O espaço público está contaminado, e o dever jornalístico pede em seus princípios básicos que o campo da informação seja parte do processo de descontaminação. Ou seja, pede que na atuação pautada por ideais de liberdade de imprensa, expressão e democracia se aja para descontaminar. Contudo, ao caminhar por esse trajeto o que se nota é que as agressões contra profissionais de imprensa cresceram 69,2% em 2022, segundo relatório da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo.
Importante dizer, ainda, que hoje (7), dia do jornalista, também é fundamentalmente dia de combate às fake news, advento que turva o conceito de pós-verdade. O que combate as fake news é a informação checada, revista, revisada. O que combate a desinformação é um jornalismo altivo, vivo e com menos medo de ser agredido. O que combate a desinformação é um jornalismo exercido por jornalistas, e não por alguns que apenas dizem ser.

