Foto: Pepi/Divulgação
Uma pesquisa publicada na última quinta-feira (11), no Jornal da Paleontologia de Vertebrados (JVP), revelou a descoberta de um fóssil de ave considerado o mais antigo da América do Sul. A espécie Kaririavis mater, apesar de ter sido descoberta na mina Pedra Branca, em Nova Olinda, está há seis anos no Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Um dos autores da pesquisa já foi indiciado por tráfico de fósseis na região do Araripe em 2020.
O fóssil é referente a uma parte do pé da ave, datado em 115 milhões de anos, do período Cretáceo. Além de ser uma espécie rara, a descoberta inaugura uma nova fase na história da paleontologia, pois, até então, era sabido que as aves desse porte teriam sido originadas no continente asiático.
De acordo com Allysson Pinheiro, diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, a descoberta é extremamente importante, e lamenta que o fóssil não esteja na região, “o lugar dos fósseis do Araripe é no Araripe”, enfatiza. Apesar da espécie Kaririavis mater estar de forma legal na UFRJ, o museu de paleontologia juntamente com a Universidade Regional do Cariri, devem solicitar ao departamento a devolução do fóssil e de outros que ainda se encontram na instituição.
A região do Cariri conta com a importância de ter o único geoparque do Brasil reconhecido pela Unesco, o Geopark Araripe. O equipamento unifica áreas geográficas de grande valor geológico agregando a importância cultural e histórica dessas localidades com atividades que envolvem a comunidade e promovem o desenvolvimento sustentável. Nova Olinda, local de origem do fóssil da Kaririavis mater, é um dos município que fazem parte do território Geopark. Sobre isso, Eduardo Guimarães, diretor executivo do Geopark afirma que o diálogo entre as instituições é peça fundamental no desenvolvimento local, desde que seja respeitado o patrimônio territorial, “o Geopark corrobora com todas as decisões tomadas pelo Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens”, conclui.
TRÁFICO DE FÓSSEIS
Um dos autores da pesquisa é o professor da UFRJ, Ismar de Carvalho, que em 2020 foi alvo de uma investigação da Polícia Federal como suspeito de comandar um esquema de tráfico de fósseis na região da Chapada do Araripe, na época, a Universidade emitiu uma nota de repúdio contra as ações e o pesquisador afirmou que não haviam fósseis no seu apartamento.
O tráfico de fósseis e a repatriação das peças são assuntos que percorrem a legislação brasileira desde 1942, quando foi implementada a proibição da comercialização desses materiais. Em casos de deslocamento das peças, a ação dependeria de autorização prévia e acompanhamento da fiscalização do Departamento Nacional da Produção Mineral, que hoje é a Agência Nacional de Mineração (ANM).