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Ex-Chiquititas Giovanna Boscolo leva bronze nas Paralimpíadas de Paris 2024
A atriz e atleta possui uma doença neurodegenerativa rara
Cícero Dantas
Giovanna Boscolo - Jogos Paralímpicos Paris 2024. Foto: Wander Roberto/CPB

Giovanna Boscolo é medalhista de bronze no lançamento de club, na classe F32, nas Paralimpíadas. A brasileira subiu ao pódio da prova após a desclassificação da polonesa Roza Kozakowska, que havia sido campeã. A decisão foi divulgada no fim da noite desta sexta-feira (30).

A comissão brasileira protestou, após o fim da prova, pela alteração da cadeira da polonesa e pelo “uso do equipamento de forma irregular“. Roza Kozakowska havia lançado para a marca de 31.30m, quebrando o recorde mundial, mas acabou desclassificada.

A melhor marca do mundo passou a ser a da tunisiana Maroua Ibrahim, que atingiu 29m e agora sobe ao lugar mais alto do pódio. Parastoo Habibi (26.29m), do Irã, torna-se medalhista de prata, e Giovanna (26.01m) fecha o top 3 com o bronze.

De atriz para atleta

Giovanna Boscolo participou da novela infanto-juvenil “Chiquititas”, enorme sucesso do SBT entre 2013 e 2015, na qual a então atriz mirim interpretou Michelle.

Diagnosticada aos 15 anos com Ataxia de Friedreich, uma doença neurodegenerativa, foi só no ano passado que a atriz e biomédica começou a praticar os arremessos de club e de peso, provas que disputará em Paris.

Giovanna Boscolo em atuação no esporte e nas telenovelas. Foto: Reprodução

Atualmente, Giovanna é medalhista mundial em sua modalidade na classe F32. “O esporte paralímpico muda vidas. Foi muito importante para mim, porque eu me senti pertencente. Eu vi que ser deficiente é só um detalhe. Porque a sociedade tem um olhar muito diferente do que nós do movimento temos“, contou em entrevista ao Globo Esporte.

Foi através do esporte que Giovanni descobriu a doença. A atriz competiu em nível federado e confederado a ginástica acrobática entre 2014 e 2o15 quando seu corpo começou a dar sinais de que algo estava errado.

O meu diagnóstico veio precocemente por conta do esporte. Eu fazia ginástica e meu técnico começou a identificar alguns tremores e algumas lesões que não eram compatíveis com a minha modalidade. Fui fazer o exame neurológico, a eletroneuromiografia, e deu uma alteração de sinal de condição neurológica. Eu fui no médico ele foi muito direto, já pediu exame genético da Ataxia de Friedreich, e aí deu”, explicou Giovanna.

Ataxia de Friedreich

A ataxia de Friedreich é uma doença genética rara e degenerativa, caracterizada pela falta de coordenação muscular e motora, que normalmente se inicia nos membros inferiores e acomete mais tarde os superiores.

Pacientes com a condição produzem menor quantidade da proteína frataxina, tornando o coração, o pâncreas e o sistema nervoso central mais suscetíveis à ação prejudicial dos radicais livres. Por desencadear dificuldades motoras, a doença pode causar dificuldades para andar e manter a coluna ereta. Outros sintomas incluem ainda a lentidão nos reflexos, a perda de sensibilidade dos membros afetados, surdez e cegueira.

No caso de Giovanna, a ataxia gera dificuldade na marcha, no equilíbrio, na coordenação fina, descida, subida de escada e tremores. Além de comprometer um pouco a fala, já que a língua também é um músculo. Viver com Ataxia é desafiador porque é como se eu acordasse todo dia tendo que aprender de novo como o meu corpo vai funcionar naquele diarevelou a atleta.

Por se tratar de uma condição genética, a ataxia de Friedreich não tem cura. Atualmente, não existe um tratamento comprovadamente eficaz para a doença, mas o auxílio de uma equipe multidisciplinar pode melhorar a qualidade de vida do paciente.

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