Presidente da FCF, Mauro Carmélio, vem se articulando para construir protocolo para a volta do futebol - FOTO: JL ROSA
Reuniões, videoconferências, decisões e planejamento. O período de quarentena tem sido agitado para Mauro Carmélio, presidente da Federação Cearense de Futebol (FCF). Em meio aos compromissos, o responsável pela entidade que comanda o futebol estadual concedeu entrevista exclusiva ao Sistema Verdes Mares e falou sobre diversos temas. Entre eles, a possibilidade de Fortaleza receber a final da Copa Sul-Americana, até 2023. A cidade foi listada pela Conmebol como uma das seis candidatas do Brasil.
Além disso, Mauro garantiu que o protocolo médico da FCF para retorno do futebol deverá ser concluído nesta semana, confirmou que o Campeonato Cearense será realizado e mostrou expectativa sobre definições do Governo do Estado para possível retomada das atividades. Veja!
Como está a chance de retorno das atividades no futebol cearense?
Seguimos aguardando posicionamento do Governo do Estado. Há uma possibilidade de decretar a volta dos trabalhos em quatro etapas, de 14 em 14 dias. Vamos ver se engloba o futebol nessas etapas, pelo menos pra treinar. Isso que é importante, é voltar os treinos.
Tem a possibilidade de o futebol ser retomado ao fim do decreto estadual?
Há essa possibilidade por conta disso. Não queremos jogos agora, e sim, treinos. Tem que fazer testes físicos, pré-temporada, aplicar os testes… Tudo isso aí vai ter que operar. Mas só vai ser feito com autorização do Governo.
A FCF trabalha na criação de um protocolo médico para todos os clubes?
Tenho me reunido com os departamentos médicos dos clubes e da Federação. A gente tá preparando um protocolo, um manual. Vamos fazer uma reunião com alguns clubes. Na próxima semana deveremos estar lançando um manual para iniciar os trabalhos quando o governador autorizar. A primeira etapa é de treinos. Teremos um manual que os clubes devem cumprir, mas cada um terá o seu interno também. Não tem como o Pacajus fazer o mesmo protocolo que Ceará ou Fortaleza. Mas vamos estabelecer o mínimo que eles têm que cumprir. Testes, preparação, higienização.
Poderá haver algum suporte financeiro aos clubes menores nesse retorno?
Não, não… Não há alguma situação de ajuda financeira, porque o custo é basicamente o que eles têm já. Claro, a Federação vai ver as condições de fazer teste, de auxiliar, mas a parte prática é deles.
Os Estaduais serão mesmo concluídos? Ou há chance de cancelamento?
Vai, vai, vai. Vai acontecer. Não há nenhuma movimentação da CBF no sentido de suspender algum campeonato, que tenha alguma situação… Base e profissional, tá tudo dentro do calendário.
Como tem sido a conversa com os clubes?
Ansiedade. Estão todos ansiosos para a retomada do dia a dia da bola. São 70 dias parados, todo mundo tá na ansiedade e querendo voltar, mas todos cientes de que devemos voltar ao futebol com responsabilidade, porque é uma questão de vida, de saúde.
Teme a desistência de algum clube menor, que não queira mais disputar o Estadual?
Não, não. Pode haver algum zum-zum, mas se alguém desistir, vai ser rebaixado. É a legislação, é a lei que determina, não é a Federação. É a Justiça Desportiva, o regulamento. Vai ter um prejuízo. Isso vai depender de cada clube. Nós vamos ter problemas de preparação, de organização… Mas desistência, eu não temo nem acredito.
Em abril, a CBF destinou R$ 19 milhões para Federações Estaduais e clubes das Séries C e D. Pode haver outro auxílio financeiro?
Depois desse suporte, não há mais nenhum movimento não. Pode ser até que tenha, mas seria de livre arbítrio do próprio presidente (Rogério Caboclo). Mas, até agora, não tem nenhum movimento nesse sentido. Nem Série A, B, C, D e nem federações.
Como a Federação Cearense tem conseguido se manter neste período?
A FCF tem uma reserva boa de valores pra aguentar três meses. Nós já estamos com dois. Como teve exatamente esse suporte da CBF de R$ 120 mil, podemos ter mais um mês. A FCF tem três fontes: da CBF, através de apoio financeiro, as rendas de jogos, 5% de cada jogo, e tem também a parte de registro de jogadores. Com a situação, ficamos só com a parte da CBF, cerca de R$ 85 mil, que não dá pra pagar nem a folha mensal, que é algo entre R$ 115 mil e R$ 118 mil. Estamos entrando na nossa reserva todo mês.
Alemanha voltou o futebol neste fim de semana. É um grande espelho?
Eu sempre fico olhando os movimentos da Europa, como está lá. Foi lá que a Covid-19 chegou com muita força. Então acompanhamos como estão fazendo tudo lá. Como vai ser no dia a dia, a formatação do jogo… Serão jogos diferentes, não serão jogos normais. E a gente tem que saber como vai funcionar. As informações de lá serão muito importantes. O futebol europeu começou a se movimentar e, em breve, poderemos ser nós.
Como foi o processo para o Castelão ser candidato a receber jogos das finais da Copa Sul-Americana
A história desses jogos das finais não tem nada a ver com a situação do Fortaleza. O Brasil pode receber uma final de Sul-Americana ou Libertadores já havia sido decidido antes, através de um colegiado da Conmebol. E quando o Brasil mostrou interesse, houve o convite para a gente (Ceará). A FCF, de pronto, atendeu e disse que tinha interesse. Até porque nós já não recebemos jogo das Eliminatórias. Esse convite foi antes mesmo do jogo do Fortaleza com o Independiente. Nós já tínhamos nos habilitado anteriormente para a Copa do Mundo Sub-17, que também já há uma habilitação. E mandamos a documentação para a Conmebol com todo o manual que a Federação tem de utilização do estádio. Agora, eles vão preparar a videoconferência com todos os locais que têm interesse e nós vamos participar. Eles pediram para 2021, 2022 e 2023. Se não for um ano, pode ser o outro. O nosso dossiê já está pronto, documentação já está toda pronta e já mandamos pra CBF, que vai repassar pra Conmebol. Já foi feito isso.
E como está a situação da estrutura do estádio para essa possibilidade? Terá que fazer alterações?
O Castelão já é um estádio credenciado pela Fifa e pela Conmebol. Sempre há revisões e situações que a Federação Cearense de Futebol encaminha pra Fifa, pra Conmebol e pra CBF, com tudo atualizado. É um estádio Fifa. Então, não há necessidade de vir aqui e fazer a vistoria, pra saber como é o estádio. É o mesmo de 2014, da Copa do Mundo. Não houve mudança de estrutura. Enviamos laudos de segurança, vigilância sanitária, engenharia e bombeiros. O tipo de gramado é o mesmo. Tiraram a grama que estava queimada, velha, machucada, e colocaram a nova, mas é o mesmo tipo de grama.
Diário do Nordeste