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Torcidas de Corinthians e Palmeiras prometem mais atos
Líderes de "Somos Democracia" e "Porcomunas" contam como foi a manifestação do último final de semana e compartilham histórias
Redação
Torcidas antifascistas de Palmeiras e Corinthians foram às ruas em prol da democracia (Oam Santos/Fotos Públicas) Foto: LANCE!

Quando a questão é democracia, a rivalidade fica de lado. Corinthians e Palmeiras travam batalhas épicas dentro de campo, mas tiveram suas torcidas unidas em manifestação em São Paulo no último domingo (31) e, agora, devem realizar novos protestos neste próximo final de semana em busca de um mesmo objetivo: a manutenção da democracia.

Marcos ‘Gama’, 75 anos, líder do coletivo ‘Porcomunas’, uma torcida antifascista do Palmeiras, e Danilo Pássaro, 27 anos, líder do movimento ‘Somos Democracia’, do Corinthians, conversaram com o LANCE! sobre o momento pelo qual passa o Brasil em meio à maior pandemia sanitária recente, o coronavírus, os protestos que acontecem País afora a favor e contra o presidente em exercício, Jair Bolsonaro, e como as torcidas de futebol se encontram para lutar juntas. Afinal, futebol e política se misturam?

Por que protestar?

No último domingo, a Avenida Paulista viveu um momento histórico: torcidas antifascistas de Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo se encontraram para um ato em favor da democracia.

“Temos observado uma escalada autoritária no País e que o governo pode se utilizar da pandemia e das crises que estão se acentuando para dar um golpe na nossa democracia, visto que tem testado os limites da nossa Constituição quando ataca os três poderes, quando General Heleno (atual Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República), ameaça dar um golpe, quando um ministro fala em prender os ministros do STF, quando ataca jornalistas e a liberdade de imprensa”, iniciou Danilo Pássaro, líder do movimento ‘Somos Democracia’, do Corinthians.

“Nós acabamos sendo aquela bolha que estourou. Somos 70% que não estava mais aguentando essa pressão dos 30% de fascistas fazendo o que estão fazendo, provocando, saindo para as ruas, ameaçando. Essas ideias fascistas, essas declarações do presidente ninguém aguenta, chega uma hora que explode mesmo. Podia explodir isso com movimento estudantil, com movimento sindical, mas no momento está explodindo com os torcedores. E vai crescer”, indicou Marcos ‘Gama’, líder do Porcomunas, coletivo de esquerda à parte da torcida palmeirense.

As duas ideias caminham juntas e, por isso, estiveram unidas no último domingo (31), na Avenida Paulista. Segundo Pássaro, 80% das pessoas presentes do lado alvinegro nas últimas manifestações nunca haviam participado de uma na vida e nem sequer são parte de um movimento ou partido político.

“Era importante um posicionamento por parte da sociedade civil, que está disposta a defender a democracia e que entende que a nossa democracia, por mais que precise ser melhorada e aperfeiçoada, não deve nunca ser anulada. O Brasil é o país do futebol, é o esporte mais praticado aqui, então o futebol constitui diversas organizações da sociedade e quando essas organizações começam a discutir política e os rumos do nosso país, a gente fortalece a nossa democracia e o nosso tecido nacional”.

Histórias cruzadas

A história do Corinthians sempre andou de mãos dadas com movimentos políticos, afinal, a maior parte dos amantes de futebol já ouviu falar de Democracia Corinthiana. Porém, engana-se quem pensa que o rival Palmeiras também não está junto nesta luta há muito tempo, conforme explicado por ‘Gama’.

“Na década de 40, Palmeiras e Corinthians fizeram um jogo para financiar o Partido Comunista para ajudar numa greve geral que foi feita, e esse jogo foi histórico. Então, o pessoal que não gosta do clube começou a criar essa situação de ‘Palmeiras fascista’ e não é bem assim. Eu sou um assíduo frequentador, desde a década de 50. Na época do Belluzzo, quando ele era presidente, conversando ali com ele, ele falava: ‘a gente precisa mudar essa imagem’ e fomos atrás dos palmeirenses progressistas, encontramos muita gente. Uns cinco, seis anos atrás, conseguimos montar um grupo que chamamos de ‘Porcomunas'”.

Ele explica que muitos episódios fortaleceram o coletivo, como a presença de Jair Bolsonaro no título brasileiro conquistado em 2018 e quando ele retornou em um dos camarotes posteriormente, tendo sido hostilizado por uma parte da torcida que não o considera um “palmeirense histórico”.

Os dois ainda comentaram sobre um fato que aconteceu no último domingo, quando uma mulher enrolada na bandeira dos Estados Unidos, com uma camiseta com “dizeres fascistas”, segundo os entrevistados, apareceu com um taco de beisebol para confrontar os manifestantes do outro lado, ou seja, onde eles estavam.

“Aquilo é um absurdo! Se fosse um petista ou esquerdista, ela seria presa, escrachada, mas ela saiu abraçada pela PM. Isso representa bem o que nós vamos enfrentar pela frente, por isso temos conversado”, disse Gama, que foi completado por Danilo Pássaro: “Ela pretendia atacar pessoas da manifestação pró-democracia e saiu abraçada por um policial militar, o que mostra a parcialidade”.

Segundo eles, mais ações estão sendo marcadas com o mesmo objetivo. No entanto, eles preferiram não dar muitos detalhes, até para não caírem em ‘armadilhas’, como o tumulto que acabou ocorrendo no final dos protestos passados.

“Nós estamos nos surpreendendo com a grande quantidade de jovens. Eu, como sou o mais velho, lidero por ser um torcedor antigo e militante, eles me colocaram assim, pela minha experiência. Eu estou me surpreendendo com o número de jovens que estão aderindo, com cabeça, eles acatam a gente”, finalizou ‘Gama’.

*Sob supervisão de Marcio Monteiro.

Terra

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