Na tarde da terça-feira, 16, ISTOÉ recebeu em sua live o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na entrevista, FHC conversou com o diretor editorial Carlos José Marques e o diretor de redação Germano Oliveira e fez uma análise do cenário político atual.
“Estamos vivendo uma grave crise política, econômica e de saúde e Bolsonaro é incapaz de dar um rumo para o país”, avaliou.
“Temos um vazio político neste momento”, disse. “Bolsonaro está cavando seu próprio buraco.”
Beneficiado com a emenda da reeleição e a compra de votos, Cardoso presidiu o Brasil por dois mandatos (1995-2003), ele entende que o atual mandatário não é incoerente com a própria biografia nem tampouco trata-se
de um estelionato eleitoral. “Bolsonaro foi eleito com uma pauta negativa, que era contra o PT. Ele não está fazendo nada de diferente do que sempre defendeu. Nós é que não acreditamos”, disse.
Em seguida, ele declarou: “Não votei nele.”
Defensor do impedimento político dos ex-presidentes Fernando Collor e Dilma Rousseff, o tucano é contra a saída de Bolsonaro em votação no Congresso. “Não é fácil sair deste oráculo, mas não vou pregar o impeachment”, disse. “É preciso ter paciência histórica. Não é construtivo para o país, mais um impeachment. É desnecessário.”
Prestes a completar 89 anos – ele faz aniversário no dia 18 de junho -, FHC não poupou na live o atual mandatário brasileiro seja em relação à política externa ou interna.
“O Brasil está se apequenando.” Sociólogo, professor, Fernando Henrique enxerga um ambiente turvo em relação ao
Brasil está caminhando rumo a um totalitarismo com possível deterioração do regime democrático.
“O momento é escorregadio. Tenho medo que as coisa escapem do controle”, afirmou.
“Vou ser preso outra vez se implantarem uma ditadura. Mas não vou me calar. Não é tão fácil impor uma camisa de força sobre nós”.
Do alto da sua experiência política e de ter administrado o país ao lado da direita, FHC avalia que a aliança do governo federal com o Centrão não é uma questão preocupante, mesmo que Bolsonaro tenha feito campanha defendendo essa marca.
“Não existe velho ou nova política. Existe política boa e má”, disse.
Quando o assunto tratado foi educação, Fernando Henrique refere-se ao ministro Abraham Weintraub como “um desastre”. “As pessoas da área de educação não são ‘maria vai com as outras’”, crítica.
Questionado sobre a condução da economia, FHC disse: “A equipe econômica é boa para fazer
ajuste fiscal mas não para arrumar a casa, Está tudo desajustado. O presidente “Posto Ipiranga” tinha um projeto ortodoxo de economia, com a crise tem que gastar. Vai ser complicado sair dessa.”
Quando encerrou seu período de oito anos ocupando a Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso teve a taxa de reprovação maior do que aprovação: para 36% dos brasileiros, o desempenho do presidente foi ruim ou péssimo (mesmo percentual dos que consideram-no regular), contra 26% que achavam ótimo ou bom.
Na live, FHC mandou um recado para o atual presidente: “Espero que Bolsonaro se ajuste a cadeira que está sentado”, disse. “Bolsonaro está com sintoma de fraqueza e não de fortaleza”.
Com o olhar de sociólogo, FHC avalia que o maior horror que o Brasil vive é “aceitar com naturalidade tanta desigualdade”.
Defensor, agora, da renda mínima, Fernando Henrique avalia sociologicamente que “a pobreza não escandaliza o Brasil”.
Isto É