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“50 redações por ano” e fascículos: estudante de escola pública é aprovado em Medicina na UFC
Com 980 pontos na Redação, Aridênio Dayvid lembra que chegou a fazer mais de 50 produções durante o ano
Redação
Aridênio Dayvid conta que chegou a fazer mais de 50 redações durante o ano. Foto: Arquivo Pessoal

Superação, força de vontade e uma rede de apoio formada por professores e coordenadores prontos a auxiliar nos desafios cotidianos. Esta foi a receita utilizada pelo estudante Aridênio Dayvid da Silva, 18, para realizar o sonho e ser aprovado no curso de Medicina, da Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele cursou os últimos três anos na Escola de Ensino Médio Lauro Rebouças de Oliveira, em Limoeiro do Norte.

A dedicação surtiu efeito e Aridênio conquistou uma média geral de 720 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Na redação, o desempenho foi ainda mais satisfatório e o estudante conseguiu 980 pontos – de 1.000.

“Fiz mais de 50 redações durante o ano. Minha professora, Denize Oliveira, sempre cobrava bastante”, lembra.

A professora de Português desenvolve, na escola, um trabalho de produção de redação no contraturno escolar. O projeto é realizado todas às quintas-feiras.

“Eu fui criado pelos meus avós, na comunidade da Viuvinha (zona rural do Município), e nunca tive contato com o meu pai. Quando minha avó faleceu, com câncer de mama, em outubro de 2017, tive que sair da minha residência e vir morar no Centro de Limoeiro do Norte. Por conta de todo o apoio que recebi, sou muito grato aos meus professores e coordenadores”, lembra o estudante.

Agora, ele aguarda entrevista a ser feita na instituição para comprovar a condição de cotista por deficiência no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), já que Aridênio é portador de miopia e astigmatismo em grau elevado.

Trajetória de Conquistas

Aridênio estudou todo o Ensino Médio na Escola Lauro Rebouças de Oliveira, mas, quando ainda morava na Comunidade da Viuvinha com a avó, Joana Costa da Silva, e o avô, Raimundo Antonio da Silva, chegava a percorrer cerca de 32 Km até a escola. O trajeto era feito no ônibus escolar do Município. Após a morte da avó, o estudante passou a morar com a mãe, Maria Aldeiza Costa da Silva, em Limoeiro do Norte.

No meio do ano passado, a convite de um dos professores, decidiu fazer parte do Projeto Limovest – cursinho popular gratuito oferecido na cidade. “Consegui o material que usei para estudar”, lembra.

Diário no Enem

O curso recebeu, em 2019, apostilas do Projeto Alcance (fornecido pela Assembleia Legislativa do Estado do Ceará) e do Diário do Nordeste no Enem, com 16 fascículos de conteúdo e mais uma revisão encartados aos estudantes.

Quando Aridênio não estava nas aulas presenciais, nas manhãs de sábado, resolvia as questões de vestibular em casa. “Com o material ficava mais fácil porque dava para responder às questões preparatórias”, lembra.
Resultados

“Esta é a segunda vez que faço o Enem. Na primeira, consegui ser aprovado para o curso de Química, na Universidade Estadual do Ceará (Uece) de Limoeiro do Norte”, lembra o estudante. Após receber a notícia, no último dia 28, que a nota conquistada no Enem seria suficiente para ingressar no ensino superior, Aridênio já passou a planejar os próximos passos.

A expectativa é que ele consiga acesso à Residência Universitária, em Fortaleza, para poder cursar Medicina a partir do próximo semestre. As aulas devem começar em agosto deste ano. “Tenho o desejo de me especializar em Neurocirurgia e fazer mestrado em Neurociência”, garante. A vontade é fruto de projetos desenvolvidos na escola, que já resultaram até mesmo em reconhecimento internacional.

“Fomos (ele e mais três amigos) convidados para apresentar um desses projetos na África do Sul, em setembro deste ano. Estamos tentando arrecadar fundos”, comenta.

Diário do Nordeste

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