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Atos pró-Governo criticam Congresso e STF e ignoram restrições
Em Fortaleza e em outros municípios do País, apoiadores de Bolsonaro foram às ruas, ontem
Redação
Em Fortaleza, manifestantes se reuniram na Praça da Imprensa; alguns usavam máscaras de proteção. - Foto: José Leomar

Centenas de manifestantes participaram de ato em apoio ao Governo Bolsonaro, ontem, em Fortaleza. Na Praça da Imprensa Chanceler Edson Queiroz, no bairro Dionísio Torres, grupos de apoiadores do presidente realizaram protesto, mesmo com recomendações do Ministério da Saúde de que eventos com aglomerações fossem adiados ou cancelados por conta dos efeitos da pandemia de coronavírus no País. Outras capitais e cidades do interior também registraram atos pró-Governo. Jair Bolsonaro, inclusive, participou de manifestação em Brasília.

Na capital cearense, o ato, segundo grupos de direita que estiveram à frente da organizaram, teve como pautas principais o apoio ao Governo Bolsonaro e críticas ao Congresso Nacional.

Os deputados estaduais André Fernandes e Delegado Cavalcante, ambos do PSL, participaram do protesto. Não houve estimativa oficial de público. Segundo o vice-presidente do grupo Conexão Patriota, Roberto Barros, a crítica não é ao Congresso como Instituição Legislativa, mas contra atos de congressistas.

“O Congresso é importante, tem seu trabalho, mas não se pode achar que tudo que o Congresso faz é certo. A gente tem direito de criticar os atos errados que acredita que o Congresso esteja fazendo”, afirmou Barros.

Nacionalmente

Mesmo com recomendações do Ministério da Saúde para se cancelar ou adiar eventos com mais de 100 pessoas no País, apoiadores do presidente decidiram manter atos que, durante a semana, chegaram a ser suspensos. Capitais como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília, Belém, Salvador e Maceió também registraram protestos pacíficos, ainda que alguns tenham sido esvaziados.

Na semana passada, em pronunciamento, o presidente recomendou que os atos fossem “repensados” pelo avanço do vírus no Brasil. Ontem, ele deixou o Palácio da Alvorada e, em comboio, passou ao lado do ato em Brasília e depois cumprimentou apoiadores no Palácio do Planalto.

Bolsonaro foi orientado a ficar em isolamento até refazer testes para o coronavírus. Durante o trajeto, ele não desceu do carro e só foi visto na volta acenando para apoiadores que o aguardavam na residência oficial, mas compartilhou vídeos e fotos sobre as manifestações no Twitter.

A atitude motivou críticas. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ter visto a participação de Bolsonaro no ato com “perplexidade”. Para ele, o presidente “desautoriza o ministro da Saúde”, Luiz Henrique Mandetta, ao romper o monitoramento recomendado e apertar a mão de apoiadores.

“Não é um momento fácil. O que esperamos é que o presidente assuma a Presidência da República”, disse. Para o parlamentar, o Planalto deve comandar “as respostas” à crise. Após o presidente atropelar as recomendações sanitárias, o Ministério da Saúde voltou a orientar, ontem, que sejam evitadas aglomerações e contatos próximos.

Críticas à postura do presidente

Deputados criticaram, ontem, a atitude do presidente Jair Bolsonaro de ter participado da manifestação pró-Governo. “Trata-se de uma irresponsabilidade sem tamanho, uma ameaça à vida das pessoas, expostas a um vírus que tem matado milhares ao redor do mundo”, disse o líder do PSB na Câmara, deputado Alessandro Molon (RJ).

O deputado Marcelo Ramos (PL-AM) afirmou que a postura do presidente mostra falta de compromisso com a agenda econômica.

O líder do Solidariedade na Câmara, Zé Silva (MG), disse que “muito mais importante do que a gente fala é o que se faz”.

A líder do PSL na Câmara, Joice Hasselmann (SP), disse que a atitude de Bolsonaro é incompreensível. “Ou é maluquice ou irresponsabilidade. Nem Freud explica”, criticou.

Diário do Nordeste

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