Passageiros de voo originário da França desembarcam em Fortaleza usando máscaras cirúrgicas, para evitar possível transmissão do coronavírus. - Foto: Thiago Gadelha
No dia em que o Brasil confirmou o primeiro caso de novo coronavírus (SARS-CoV-2) em São Paulo, o Ceará registrou duas novas suspeitas da doença. Uma delas já foi descartada. Ontem, duas pessoas que moram na Capital e voltaram da Itália recentemente procuraram hospitais por apresentarem sintomas gripais. O caso que segue em análise no Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) é o de um médico de 35 anos que buscou, no início da tarde de ontem, o Hospital São José. Até o fechamento desta edição, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) ainda aguardava os resultados dos exames deste paciente.
A projeção da Sesa é que há uma tendência de aumento de casos suspeitos no Ceará nos próximos períodos. E possivelmente, o Estado tenha novas notificações de ocorrências da doença. O provável aumento das análises, segundo avaliação do secretário estadual da Saúde, Dr. Cabeto, está atrelado ao crescimento da transmissão de coronavírus em países da Europa, o que estima ele, de certo modo, gera efeitos no território brasileiro e consequentemente em Fortaleza, pois há um fluxo maior de trânsito da população entre o território europeu e o brasileiro, do que viagens de Fortaleza para países asiáticos, epicentro inicial do novo coronavírus.
O caso descartado em Fortaleza, segundo a Sesa, é de um profissional de saúde de 29 anos que, por apresentar os sintomas, buscou uma unidade particular na manhã de ontem. Por volta das 16h, os resultados dos exames já apontavam que o paciente estava com uma parainfluenza.
O exame do outro paciente, médico de 35 anos, deverá apontar se ele está com alguma doença já em circulação no Ceará, como por exemplo, algum tipo influenza. Caso seja descartada essa possibilidade, as amostras serão enviadas provavelmente para o Instituo Evandro Chagas, no Pará, para confirmar ou descartar a infecção por coronavírus. Após o envio da amostra (caso seja necessário), o resultado deve sair em 48 horas.
Ações
Ontem, após informar sobre os casos suspeitos, o secretário reafirmou que “está tudo sob controle no Ceará” e anunciou algumas medidas que estão sendo adotadas no Estado. “É preciso que a população entenda que vão surgir mais casos suspeitos”, reforça.
O secretário esclareceu ainda que são considerados casos suspeitos aqueles cujo paciente apresente febre, sintomas respiratórios e tenha vindo de alguma área com transmissão local da nova doença nos últimos 14 dias. Os pacientes em Fortaleza que vieram da Itália e procuraram ajuda médica apresentavam dor de garganta, coriza e tosse.
A orientação, segundo a Sesa, para pessoas que tenham vindo de países com transmissão da doença e apresentem algum desses sintomas é, se estiverem na Capital e na Região Metropolitana, se dirigirem ao Hospital São José. Caso tenham plano de saúde, todas as unidades particulares estão preparadas para o atendimento e, conforme a Sesa, foram orientadas a seguirem o protocolo. Ontem, o titular da Sesa se reuniu com diversos representantes das unidades privadas para reforçar a adoção do protocolo em casos suspeitos.
Para moradores das demais regiões do Estado, as unidades de referência são: Hospital Regional Norte (Sobral), Hospital Regional do Sertão Central (Quixeramobim) e Hospital Regional do Cariri (Juazeiro do Norte).
Em cada um dos quatro hospitais, a Sesa orientou a disponibilização de dois leitos de isolamento para pacientes em avaliação ou possível tratamento do coronavírus. Contudo, Dr. Cabeto explica que nem todos os casos suspeitos demandam internação do paciente. “Os casos suspeitos e, eventualmente, os confirmados farão isolamento domiciliar. Porque o vírus tem baixo potencial de evoluir de forma grave. Aqueles casos que, do ponto de vista médico, nós vermos que precisam de cuidados hospitalares, temos vagas de isolamentos nos hospitais para tratarmos esses pacientes”. Na situação que está em análise em Fortaleza, o médico foi ao Hospital São José, fez os exames e retornou para a própria residência.
A assessora técnica da Sesa, Magda Almeida, reforçou que o acompanhamento das situações suspeitas está sendo feito através da rede de vigilância do Estado. A partir do momento que um caso é considerado suspeito, garante ela, o serviço de saúde deve notificar existência dele.
Após isso, é feita a coleta de secreções nasofaringe ou orofaringe do paciente. “Se for um serviço público, é enviado (a amostra) diretamente ao Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará). Se é um serviço privado, ele faz uma coleta e uma avaliação do painel viral lá e também faz uma coleta de outra amostra para o Lacen. Essa é uma diferença importante. Na rede privada tem duas amostras”.
Diário do Nordeste