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Em um intervalo de seis dias, o Ceará registrou 52 novos casos de Covid-19 em indígenas, segundo a Secretaria Especial da Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde. Na última segunda-feira (25), eram 72 casos confirmados da doença nos povos tradicionais cearenses, número que saltou para 124 neste sábado (30). O número é superior ao total de casos já registrados em 26 Territórios Indígenas (TIs) brasileiros. Segundo o boletim, o Ceará já tem dois óbitos confirmados no povo tradicional.
O número reflete o rápido avanço da doença nas terras indígenas cearenses. Segundo Informe Epidemiológico divulgado pela Sesai esta semana, com base em dados até 29 de maio, a taxa de incidência da doença no Estado é mais que duas vezes superior a média nacional – de 103 casos para cada 100 mil habitantes. No Ceará, a taxa chega a 249 casos para cada 100 mil. Em número de casos, somente o Território Indígena do Alto Rio Solimões (351), no Amazonas, tem mais registros.
Avanço da Doença
Ao todo, o Brasil possui 34 Territórios Indígenas, dos quais, apenas cinco não registraram casos confirmados do novo coronavírus. No Ceará, dos 15 Municípios com aldeias, somente seis não tiveram confirmações: São Benedito: (2 suspeitos), Boa Viagem (1 suspeito), Poranga (1 suspeito), Novo Oriente, Acaraú e Itapipoca. As cidades de Maracanaú (13), Aratuba (7), Crateús (7), Tamboril (3), Monsenhor Tabosa (2), Pacatuba (2) e Aquiraz (1) também já registram casos.
Nos últimos dias, o número de indígenas com diagnóstico positivo para a doença aumentou substancialmente. Caucaia, na Grande Fortaleza, somava 48 infectados na última quinta-feira (28). Em um intervalo de 48 horas, o número aumentou para 54 casos confirmados. A cidade vive situação preocupante, somando o maior número de confirmações e suspeitas da Covid-19 em povos indígenas do Ceará. Itarema, segunda cidade com mais casos, somava 32 notificações na quinta-feira e hoje são 36.
Número de casos no Brasil (Fonte: Sesai):
Alto Rio Solimões: 351 confirmados (9 suspeitos);
Ceará: 124 confirmados (62 suspeitos);
Guamá-Tocantins: 121 confirmados (4 suspeitos);
Manaus: 92 confirmados (4 suspeitos);
Mato Grosso do Sul: 76 confirmados (24 suspeitos);
Maranhão: 76 confirmados (67 suspeitos).
Subnotificação
Weibe Tapeba, assessor jurídico da Federação de Povos e Organizações Indígenas do Ceará (Fepoince) e aldeado em Caucaia, cobra medidas mais enérgicas para barrar o avanço do vírus. “Enquanto o Amazonas tem uma ala toda em um hospital de campanha para pacientes indígenas com Covid-19, aqui eles querem esconder a existência dos casos”, frisa. O número pode ser ainda maior, já que instituições ligadas aos povos indígenas acreditam que a subnotificação mascara uma realidade ainda mais dura.
Além disso, 62 pessoas ainda apresentam quadro suspeito para doença no território cearense. Isso significa que estas pessoas saíram da aldeia onde vivem e retornaram nos últimos 14 dias de algum lugar com transmissão local ou comunitária e apresentaram sintomas respiratórios; ou não saíram da aldeia mas tiveram contato próximo com caso suspeito ou confirmado nos últimos 14 dias, apresentando sintomas respiratórios em seguida.
Casos confirmados em indígenas, por Município, em 30.05 (Fonte: Sesai):
Caucaia: 54 confirmados (39 suspeitos);
Itarema: 36 confirmados (0 supeitos);
Maracanaú: 13 confirmados (3 suspeitos);
Aratuba: 7 confirmados (6 suspeitos);
Crateús: 7 confirmados (7 suspeitos);
Tamboril: 3 confirmados (0 suspeitos);
Monsenhor Tabosa: 2 confirmados (0 suspeitos);
Pacatuba: 2 confirmados (0 suspeitos);
Aquiraz: 1 confirmado (0 suspeitos);
São Benedito: 0 confirmados (2 suspeitos);
Boa Viagem: 0 confirmados (1 suspeito);
Poranga: 0 confirmados (1 suspeito);
Novo Oriente: 0 confirmados (0 suspeitos);
Acaraú: 0 confirmados (0 suspeitos);
Itapipoca: 0 confirmados (0 suspeitos).
Diário do Nordeste