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Comércio do CE tem pior resultado da história em abril
Segundo IBGE, as vendas caíram 37,2% no Estado, a segunda maior retração do País. Demanda reprimida e liberação de auxílios governamentais devem arrefecer queda em junho, mas de maneira pontual
Redação
Varejo cearense sofreu perda histórica no mês de abril Foto: Foto: Kid Júnior

Um dos segmentos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus, o comércio sofreu importantes perdas em abril. No Ceará, no entanto, as duras medidas de isolamento social definidas pelo Governo do Estado e a ineficiência dos mecanismos utilizados para tentar manter o faturamento ampliaram os prejuízos. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor apresentou queda de 37,2% – a segunda maior retração do País, atrás apenas do Amapá (-41,4%).

O presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Ceará (FCDL-CE), Freitas Cordeiro, ressaltou a relação entre a quarentena e o impacto acima da média nacional. “Aqui no Ceará, o Governo foi mais eficiente no isolamento, conseguiu de fato um fechamento (das atividades). O resultado está aí, não tem outro motivo, e não estou criticando o Governo por isso”, afirmou.

Ele pontua que o delivery não foi suficiente para recuperar parte significativa das vendas e estima que, em média, as lojas tenham conseguido apenas 30% do faturamento médio com a ferramenta. “Algumas empresas até conseguiram bater as metas que foram definidas dentro da pandemia, mas em relação ao faturamento anterior ainda é muito pouco”, destacou.

A queda na renda familiar também fez com que as pessoas restringissem suas compras a apenas o essencial. O economista Alex Araújo detalha que bens de maior valor agregado, como veículos, material de construção e eletrônicos foram alguns dos mais impactados, assim como os itens considerados dispensáveis.

Apresentaram expressivas perdas os segmentos de tecidos, vestuário e calçados (-87,9%), móveis e eletrodomésticos (-82,6%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-60,2%).

Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-48,3%), material de construção (-48,2%), veículos, motocicletas, partes e peças (-42,4%), combustíveis e lubrificantes (-41,,3%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-19,6%) completam a lista dos que registraram prejuízos. Apenas o segmento de supermercados, produtos alimentícios e bebidas tiveram leve crescimento de 2%.

“Por uma restrição orçamentária maior que o brasileiro, a mudança no perfil de compras do cearense refletiu nas vendas dos segmentos. Em maio, devemos ter um resultado semelhante, com as despesas se concentrando apenas em alimentação e artigos farmacêuticos, principalmente”, explica Araújo.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, acredita que em junho o índice tenha alguma melhora diante da reabertura gradual das atividades, mas alerta que a movimentação significativa nas lojas nesses primeiros dias decorrem da demanda reprimida e da coincidente liberação da segunda parcela do auxílio emergencial.

“Nós ficamos 82 dias de lojas fechadas. A reabertura gerou uma euforia. Muita gente que saiu de casa para sacar o auxílio aproveitou para fazer compras, mas ainda não compensa o prejuízo”, assegura.

Alves admite que o ano deve ser ruim para o comércio no Ceará, mas aponta que a principal dificuldade no momento é garantir a diversidade de produtos ofertados.
“Muitas atividades industriais que nos abastecem foram obrigadas a parar também. Agora, é uma loteria achar uma loja que tenha todos os produtos. Muitas empresas estão pedindo ao mesmo tempo e os fornecedores não têm quantidade bastante para todos”.

Diário do Nordeste

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