Profissionais de saúde voluntários na pesquisa não podem ter contraído Covid-19 Foto: Helene Santos
Integrantes do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará (UFC), começam, a partir da próxima semana, a coletar informações sobre os profissionais da saúde atuantes em hospitais públicos e privados, UPAs e postos de saúde do Ceará, que queiram participar voluntariamente de um estudo clínico sobre o uso preventivo de hidroxicloroquina para coibir o contágio por Covid-19. A pesquisa será desenvolvida ao longo de três meses. Só então, será possível ter resultados a respeito do uso profilático do remédio para essa finalidade.
Os pesquisadores, explica o diretor do NPDM, médico e professor da Faculdade de Medicina da UFC, Odorico de Moraes, investigam a hipótese que de que o medicamento possa ter um efeito antiviral. O estudo clínico terá financiamento da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) que disponibilizará R$ 500 mil para o custeio.
As direções das unidades de saúde serão comunicadas, de acordo com o médico, para que informem aos profissionais que desejam participar do estudo. Ao todo, a pesquisa deverá investigar 400 trabalhadores da saúde. “Existem várias tentativas de se fazer esse estudo fazendo a profilaxia, porque a hidroxicloroquina tem um efeito viricida. Então, se você dá uma dose de manutenção e os níveis sanguíneos se mantenham constantes com aquela atividade antiviral, é possível que você consiga o efeito profilático dela”, explica o médico.
Requisitos
Para participar do estudo, o profissional não pode ter sido contaminado pela Covid-19. Nem deve estar fazendo uso de nenhum outro medicamento antiviral, esclarece Odorico. Cada participante fará o testes para saber a atual condição e se já teve anteriormente a doença. “A pessoa vai receber o medicamento para poder usar conforme o nosso protocolo. Vamos acompanhando e fazendo os exames. Antes, ele tem que se submeter a alguns exames para ver como está a saúde”. Um dos pré-requisitos é a realização de eletrocardiograma, que será novamente feito após a aplicação das primeiras doses.
No grupo composto por 12 pesquisadores do NPDM, segundo Odorico, há diversas especialidades. São cardiologistas, infectologistas, otorrinolaringologistas, dentre outros profissionais. Questionado sobre os possíveis efeitos colaterais do uso da medicação, ele assegura que, “na dose que será dada, a probabilidade de efeitos colaterais é muito pequena, mas faremos o acompanhamento para prevenir”.
Todos os voluntários, explica ele, receberão a mesma dosagem da medicação. “A dosagem inicial é maior para poder atingir a quantidade de hidroxicloroquina que mate o vírus e, posteriormente, damos uma dose de manutenção a cada cinco dias, para manter a mesma quantidade da substância no sangue”.
O estudo clínico é coordenado pela também professora da Faculdade de Medicina da UFC, médica Maria Elisabete Amaral e está registrado no Clinical Trials.Gov, que é um banco de dados de ensaios clínicos administrado pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos. Nesse banco de dados, constam pesquisas com hidroxicloroquina em diversos países, dentre eles Canadá, Estados Unidos, Egito, México, França, Turquia e Dinamarca. No Ceará, ao todo, a Funcap está disponibilizando R$ 2,4 milhões para custeio de, pelo menos 10 pesquisas relacionadas ao combate do novo coronavírus.
Diário do Nordeste