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As medidas lançadas ontem (9) pela Caixa Econômica Federal para incrementar e facilitar o crédito imobiliário, que incluem a aplicação de R$ 43 bilhões para o segmento, foram recebidas com entusiasmo pela construção civil cearense. Além de dar sobrevida às empresas – que estão impedidas de continuar as obras há 20 dias – e de incentivar o lançamento de novos empreendimentos, o setor estima que as mudanças poderão gerar cerca de 15 mil novos postos de trabalho, assim como preservar os já existentes.
A projeção é do presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Ceará (Sinduscon-CE), Patriolino Dias, que avalia o anúncio como “providencial”. Ele ainda acredita que, passada a pandemia, a construção civil será a mola propulsora do crescimento no País.
Ao todo, o banco terá R$ 154 bilhões para a área imobiliária, o que beneficiará pessoas físicas e jurídicas em todas as linhas de crédito, incluindo o Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Entre outras medidas anunciadas estão a antecipação de 20% dos recursos do financiamento para o início das obras e de recursos de três meses do cronograma, a prorrogação do começo das obras por até 180 dias e a pausa do pagamento de parcelas por até 90 dias.
A partir desses incentivos, Dias acredita que o setor consiga aumentar o número de lançamentos e o número de empregados. “Nós encerramos 2019 com cerca de 50 mil a 55 mil postos. Com as novas linhas e desburocratização da Caixa, acreditamos que possamos gerar mais 15 mil postos de trabalho diretos”, estima.
Ao assumir a presidência do sindicato, no início do ano, Dias projetava que seriam lançados no Estado de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV) – índice que corresponde ao valor potencial de venda de todas as unidades de um ou mais empreendimentos lançados. “O coronavírus foi um balde de água fria na gente. Mas com esses estímulos a mais, a gente deve conseguir ter novos lançamentos. Ainda não sabemos se na proporção imaginada antes, até porque vivemos um momento de incerteza”.
Outro ponto positivo, segundo Dias, é a desburocratização do acompanhamento das obras, que antes exigiam visita. “Agora, vamos poder enviar fotos, relatórios. E são coisas que devem continuar mesmo depois desse período de crise”, aponta.
Ele também pede que, após a vigência do decreto que proíbe as atividades industriais e comercias, seja liberada aos poucos a retomada das obras. “Estamos totalmente parados. Em poucos estados se parou a construção civil. Uma sugestão é que os canteiros sejam adequados, com mais pias, máscaras, álcool em gel, dispensa de operários do grupo de risco. Estamos preocupados com nossos funcionários, mas estamos saindo de uma crise de quatro anos. Tememos demissão em massa”.
Vendas
Tibério Benevides, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-CE), afirma que, em 40 anos, não tinha visto tantos recursos como agora. “O pessoal já estava se movimentando para comprar imóveis. Logicamente, essa facilidade no financiamento com a carência de seis meses é espetacular, mas é só um impulso a mais”, afirma.
O presidente do Creci se refere a uma das medidas da Caixa voltadas a pessoas físicas que permite o início do pagamento somente seis meses depois da compra do imóvel. Ele aponta ainda que o cenário de juros baixos reduziu a exigência de renda familiar e do valor da parcela em quase 50%.
Diário do Nordeste