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Ministério autoriza contratar 442 médicos para combater coronavírus
O Ceará não tem casos confirmados da doença, mas 96 municípios demandam reforço no atendimento nos postos de saúde
Redação
O Governo Federal afirma que o Mais Médicos é uma provisão emergencial de profissionais para ser usada diante da pandemia FOTO: JOSÉ LEOMAR

O Ceará, até a noite deste sábado (14), não tinha nenhum caso de coronavírus confirmado. No entanto, a ampliação da ocorrência da doença no Brasil tem demandado a criação e o fortalecimento das ações de assistência médica em todos os municípios do País. Esta semana, o Governo do Estado anunciou medidas para dar suporte às eventuais confirmações da doença. No Estado, 96 municípios – dentre eles, Fortaleza – carecem de reforço no atendimento médico nos postos de saúde e enviaram esta demanda ao Ministério da Saúde. Em resposta, Governo Federal publicou um edital convocando 442 médicos para atuarem no Programa Mais Médicos, de forma emergencial, reforçando o atendimento nos postos de saúde à população cearense durante a pandemia do coronavírus.

Segundo o edital publicado no Diário Oficial da União, quarta-feira (11), em edição extra, as inscrições devem começar amanhã (16). A justificativa do Governo Federal é que esse é um programa de provisão emergencial de médicos e pode ser usado em momentos como esse que o Brasil está vivenciando.

A expectativa é que os médicos já comecem a atuar nos municípios no início de abril. A presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE), Sayonara Cidade, explica que essas são vagas ociosas do programa e as próprias cidades indicaram a carência.

Conforme o boletim da Sesa divulgado na noite de ontem, no momento, sete municípios do Ceará têm casos da doença em investigação. São eles: Fortaleza, Aquiraz, Caucaia, Camocim, Crato, Itapipoca e Tamboril. Questionada sobre a atual estrutura dos municípios para atenderem pacientes com possíveis casos de coronavírus, Sayonara avalia que “nenhum serviço de saúde está preparado para uma situação como essa. O número de pessoas que vai para internação não é muito grande. Mas, mesmo assim é preciso que a gente tenha suporte e também contrate possíveis leitos. E necessário um trabalho de retaguarda”.

Dentre as demandas apresentadas pelas próprias cidade, a Capital precisa de 155 médicos, Itapipoca com necessidade de 14 profissionais vem em segundo, seguido por Horizonte (11), Pacajus (11), Cascavel (9), Maracanaú (9) e Barbalha, Maranguape e Viçosa do Ceará com demanda por 7 médicos cada. Na convocação, o Ministério da Saúde disponibiliza recursos para contratar justamente as quantidades solicitadas pelos municípios.

Estrutura

A representante do Cosems-CE explica ainda que além desse incremento de assistência nas unidades básicas é preciso garantir os insumos para que os profissionais possam atuar, como equipamentos de proteção para boca e nariz. A expectativa, segundo ela, é que os recursos anunciados pelo Governo do Estado, esta semana, possam subsidiar também os municípios nesse sentido.

Sayonara ressalta que todos os municípios devem fazer o Plano de Contingência, pois há uma declaração emergência em saúde pública em vigor. “Cada um tem que traçar suas estratégias em consonância com o plano federal e estadual”. Na terça-feira (17), haverá uma reunião com as entidades como Cosems-CE e Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece) para que seja reforçada a responsabilidade de cada cidade no combate ao coronavíru s.

O avanço da Covid-19 em território nacional fez com que a Sesa anunciasse, na semana passada, ações emergenciais. A estratégia mais recente da Pasta foi requisitar um hospital particular para uso público. Outra medida foi a expansão de 230 leitos na Capital e mais 150 nos hospitais regionais de Sobral, Quixeramobim e Juazeiro do Norte.

Contudo, na avaliação do presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, Edmar Fernandes, as alternativas projetadas “não têm efeito prático”. Segundo ele, a rede de atenção enfrenta atualmente a superlotação de pacientes internados por ocasião de doenças sazonais, típicas da quadra chuvosa. Mesmo com a inserção de novos leitos a situação pode permanecer aquém da demanda. “Considerando que os nossos hospitais estão todos sobrecarregados, a gente já imagina que capacidade para absorver mais, não tem”, pondera ele.

O médico defende a necessidade de restringir os pacientes que regressarem de locais afetados com o vírus. “Poderia determinar um local fechado, um galpão, que ainda não existe aqui no Ceará”, sugere. Em caso de avanço da doença, ele opina uma prévia articulação das unidades de saúde para desafogar os leitos. “Se a gente conseguisse, numa ação conjunta, que todos os gestores diminuíssem o tempo de internação de pacientes, que já estão para liberar leitos, e conseguir absorver os novos”.

Por outro lado, o infectologista Robério Leite considera que as medidas anunciadas representam uma “grande mobilização” das autoridades de saúde pública do Estado. A contaminação por um novo vírus, justifica, se torna uma “situação desafiadora”, mas o planejamento para identificação precoce de casos evita a rápida contaminação.
Sobre a chegada de novos médicos ao Ceará, o especialista ressalta a necessidade da contratação de mais profissionais para as equipes de saúde. “O médico coordena as ações de diagnóstico e terapia que precisam ser executadas em todos os níveis. Esse aumento de profissionais deve ser acompanhado de técnicos e enfermeiros”, pontua.

Solicitação de médicos
Fortaleza pediu a contratação de 155 médicos, Itapipoca (14), Horizonte (11), Pacajus (11), Cascavel (9), Maracanaú (9), Barbalha (7), Maranguape (7) e Viçosa do Ceará (7). Pacatuba, Quixeramobim e Tauá solicitaram 6 médicos cada. Acaraú, Aracoiaba, Crato, Morada Nova, São Gonçalo do Amarante, Sobral e Várzea Alegre pediram 5 profissionais cada.

Demanda
Aracati, Bela Cruz, Iguatu, Itapajé, Itarema, Marco e Tianguá demandaram quatro médicos cada. Barroquinha, Brejo Santo, Camocim, Canindé, Capistrano, Cariús, Croatá, Granja, Guaraciaba do Norte, Jaguaruana, Jardim, Massapê, Paramoti, Pedra Branca, Quiterianópolis, Senador Pompeu, Ubajara pediram três médicos cada.

Menos
Amontada, Barreira, Beberibe, Boa Viagem, Guaramiranga, Icapuí, Icó, Ipu, Iracema, Irauçuba, Itatira, Jaguaretama, Nova Russas, Pires Ferreira, Quixelô, Reriutaba, Santa Quitéria, Umirim e Uruburetama pediram dois médicos cada.

Apenas um
Abaiara, Apuiarés, Ararendá, Aurora, Banabuiú, Campos Sales, Cariré, Catarina, Choro, Crateús, Irapuan Pinheiro, Farias Brito, Fortim, Hidrolândia, Ibaretama, Independência, Itapiúna, Jaguaribara, Jijoca de Jericoacoara, Limoeiro do Norte, Madalena, Mauriti, Meruoca, Missão Velha, Mombaça, Morrinhos, Palhano, Paracuru, Penaforte, Pentecoste, Pindoretama, Quixadá, Saboeiro, Salitre, Santana do Acaraú, Santana do Cariri, São Benedito, Tamboril, Tarrafas, Tururu e Uruoca solicitaram um médico cada.

Diário do Nordeste

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