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Período de chuvas no Ceará alerta para proliferação de viroses
Infecções do sistema respiratório, conjuntivites e micoses são favorecidas por dias mais quentes e úmidos
Redação
Foto: Reprodução/ Diário do Nordeste

A pré-estação chuvosa teve bons resultados nas precipitações e deu espaço para a quadra oficial, que segue de fevereiro a maio. Nesse período, com as variações no tempo, as viroses se tornam bem mais frequentes. Postos de saúde recebem uma grande demanda de pacientes, de crianças a idosos, com sintomas comuns, mas principalmente febre, dores no corpo e na cabeça e nariz escorrendo. Além das infecções respiratórias, não são incomuns casos de conjuntivite, arboviroses e micoses.

Esses são sinais de gripe – ou influenza – que, dependendo da situação, podem evoluir para a chamada síndrome respiratória aguda grave (SRAG). Neste ano, até o dia 25 de janeiro, foram registrados cinco casos da doença, de acordo com a planilha de notificação compulsória da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

Em todo o ano passado, foram notificados 1.066 casos de SRAG, sendo 244 confirmados para influenza. Destes, 106 pelo tipo H1N1 e mais 69 pelo H3N2. Além disso, 44 pessoas foram vitimadas pela influenza. A coordenadora da emergência do Hospital Infantil Albert Sabin, Liduína Jales, complementa que outras viroses recorrentes no período são provocadas por adenovírus e vírus sincicial respiratório – este último especialmente preocupante em bebês.

“Temos casos de bronquiolite viral aguda, um quadro grave em bebês menores de um ano. Porque eles têm uma árvore respiratória pequena e ficam com dificuldade de respirar”, explica. Na faixa etária oposta, idosos também podem ter quadros delicados e evoluir para pneumonia.

Em 2020, a campanha nacional contra o vírus influenza será realizada de 13 de abril a 15 de maio, conforme calendário do Ministério da Saúde. A novidade é que a vacina contra a gripe também estará disponível na rede pública para quem tem a partir de 55 anos. Antes, a imunização era direcionada para idosos com 60 anos ou mais, entre outros grupos prioritários, como crianças, gestantes e pessoas com doenças crônicas

Segundo Liduína, o Ceará acompanha o calendário do Sul e do Sudeste, mas deveria ter a campanha antecipada pelas peculiaridades da quadra chuvosa. Até lá, a única opção de vacina está em clínicas privadas. Outras formas de prevenção incluem evitar aglomerações, manter ambientes ventilados e higienizar constantemente as mãos.

Essa parte do corpo, inclusive, pode ser vetor de vírus – comumente adenovírus – causadores da conjuntivite. Mantê-la limpa é uma boa forma de prevenir a inflamação da membrana que reveste o olho. Segundo a coordenadora, esses casos são menos graves e podem ser atendidos nos postos.

Outra doença sazonal que ocorre com mais frequência durante o período das chuvas é a diarreia aguda (DDA), que pode ser transmitida por vírus, bactérias ou parasitas. Em 2020, já foram registrados 12.782 casos da doença em todo o Estado, segundo a planilha de notificação da Sesa.

Moscas, ratos, baratas, formigas e outros seres humanos podem transmitir os micro-organismos responsáveis pela DDA. A higienização e acondicionamento dos alimentos é uma das principais formas de prevenção, de acordo com Liduína Jales. Como a doença é autolimitada – geralmente, acaba em até 14 dias -, os principais cuidados visam a impedir a desidratação dos pacientes pela perda de líquidos.

Arboviroses

Não menos preocupantes são as arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Neste ano, até 25 de janeiro, o Ceará já registra 50 casos confirmados de dengue e três de chikungunya, sem óbito. Em 2019, foram 15.175 casos confirmados da dengue, com 13 mortes; 1.065 registros de chikungunya e 23 de zika vírus, ambas sem mortes.

O professor do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luciano Pamplona, lembra que a fêmea do mosquito prefere depositar os ovos em lugares com grande volume de água e paredes escuras e porosas. Contudo, põem “em qualquer local com água molhada”, nem que seja “um algodão úmido”.

Após essa ação, o ovo pode eclodir em até um ano, o que ressalta a importância da limpeza dos depósitos. Além disso, embora a fêmea tenha preferência alimentar no início da manhã e no fim da tarde, “ela é capaz de picar a qualquer momento do dia”.

O especialista diz que a vacina contra a dengue só está disponível na rede privada e tem limitações para aplicação na saúde pública: são administradas três doses com intervalo de seis meses, e só em quem já foi infectado pela doença.

Micoses

Épocas de chuvas também favorecem a proliferação de fungos causadores de micoses, que se proliferam em locais úmidos e quentes: “entre os dedos, abaixo das mamas, abaixo do abdômen, na virilha e axilas”, enumera a dermatologista Hercilia Queiroz. O clima com maior incidência de ventos também pode ressecar a pele e deixá-la suscetível a infecções bacterianas.

A especialista indica maior atenção em casos de vermelhidão, coceira intensa ou aumento do volume da área atingida. Adiar o tratamento, inclusive, pode levar a agravos e ao comprometimento da saúde do paciente. “Para manter a pele mais seca, podemos complementar a secagem da toalha com um ventilador ou secador no modo frio. Quem pratica atividade física também pode mudar a vestimenta ao fim do treino”, indica.

Diário do Nordeste

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