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Pós-pandemia: saúde e construção são potenciais para a economia cearense
Grupo de trabalho da Fiec fará um diagnóstico da situação do setor produtivo e traçará estratégias para desenvolver a atividade econômica após a crise da Covid-19. Resultados serão apresentados ao poder público daqui a 90 dias
Redação
Foto: Natinho Rodrigues

O fim da pandemia do novo coronavírus ainda é incerto, mas alguns setores já começam a planejar a evolução da atividade econômica após a normalização das questões de saúde, analisando os impactos causados pela crise. A cadeia industrial da saúde, inclusive, que abrange equipamentos de proteção individual e medicamentos, entre outros produtos, é um dos setores que devem ser impactados por esse momento – e que representam uma oportunidade para o Estado.

Liderada pela Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), a indústria cearense iniciou, ontem (2), um grupo de trabalho para discutir estratégias para a retomada no momento pós-pandemia. Segundo Ricardo Cavalcante, presidente da Fiec, o plano terá metas de curto, médio e longo prazos e será apresentado ao poder público em 90 dias, com a indicação de um caminho para o setor.

O objetivo, de acordo com Cavalcante, é adaptar a indústria local ao “novo momento econômico” criado pela pandemia do novo coronavírus. O presidente da Fiec destacou a atuação de empresas do setor de confecções e do setor têxtil que adaptaram fábricas para produzir equipamentos de proteção individual, como máscaras, luvas e aventais para o uso dos profissionais da saúde em todo o Estado.

Com as mudanças no cenário global da produção industrial, o polo industrial de saúde no Ceará pode ganhar mais relevância. Em relação a esse setor, Ricardo explicou que muitos países já estão planejando a retirada de empresas do território chinês e que isso poderá mudar o perfil da centralização dos locais de produção no mundo.

O presidente da Fiec afirmou também que a pandemia do coronavírus mostrou uma certa dependência do mercado mundial com produtos chineses e ponderou que, se a dinâmica mundial mudar, o Ceará poderá ter um ponto positivo para impulsionar o desenvolvimento local.

A Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará é um dos potenciais do Estado, segundo Cavalcante, com capacidade de gerenciar a produção e exportação de itens. “Se houver esse movimento de mudança de local de produção, nós temos o melhor local da produção no Brasil, que é a ZPE do Ceará, que é a porta das Américas”, disse.

Construção civil

Outro ponto de destaque é a construção civil, que segundo Cavalcante, foi apontada pelo ministro Paulo Guedes (Economia) como um dos setores a impulsionar a economia no pós-pandemia. A visão foi corroborada por Patriolino Dias, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE).

Segundo Dias, o setor está reduzindo estoques e poderá impulsionar novas vendas a partir da redução das taxas de juros aplicadas no Brasil. Ele ainda projetou que o novo Minha Casa Minha Vida poderá ser lançado nos próximos seis meses, o que pode colaborar com o crescimento do setor. Contudo, esse desenvolvimento deverá depender do desempenho da economia no geral, ponderou Dias.

Composição

O grupo de trabalho da Fiec conta com a participação de empresários do setor da indústria e economistas. Carlos Prado deverá liderar os trabalhos, contando com a participação dos empresários André Montenegro, Annette Castro, Marcos Soares, além dos economistas Lauro Chaves Neto, Guilherme Muchale, Sérgio Melo, Alcântara Macedo, Firmo de Castro, Célio Fernando e Luiz Eduardo Barros.

Representantes dos 40 sindicatos ligados à Fiec deverão ser ouvidos durante o período de trabalho, que deverá ser marcado por reuniões semanais nos próximos 3 meses.

“A gente precisa entender como estão as cadeias e entender como deverá ser o desenvolvimento industrial do Ceará. Nós entendemos que a indústria precisa apontar o caminho para os governos. Hoje tivemos a primeira reunião do grupo de trabalho”, explicou o presidente da Fiec.

Apoio

O presidente da Fiec, contudo, apontou que ainda é preciso fazer com medidas atuais sejam mais eficazes para reduzir os impactos da crise na economia cearense. Ele destacou que vários empresários não estão conseguindo acessar as linhas de crédito anunciadas pelo Governo Federal para dar suporte aos negócios durante o período de calamidade.

Cavalcante ainda fez um apelo ao novo presidente do Banco do Nordeste, Alexandre Borges Cabral – que tomou posse ontem (2) -, para que o BNB tenha como foco fazer esses recursos chegarem na ponta. “Nós precisamos que esse dinheiro chegue nos pequenos e médios empresários para reduzir os impactos da crise”, disse.

Competitividade

Coordenador do grupo, o economista e professor Lauro Chaves Neto, que é também conselheiro do Resultados da pesquisa Resultado da Web com links de sites Conselho Federal de Economia (Cofecon) destacou que um dos objetivos é também dar mais competitividade à indústria cearense no longo prazo. Além disso, Chaves afirmou que serão discutidas medidas para transformar a indústria cearense em um mercado mais sustentável.

“O grupo tem o objetivo de se pensar a longo prazo e pensar o desenvolvimento industrial cearense. A partir desse diagnóstico é que vamos pensar nas estratégias para o futuro da indústria mais sustentável e mais incluída no cenário global”, disse o também conselheiro federal de economia.

Já o presidente do Centro Industrial do Ceará (CIC), Marcos Soares, afirmou que as classificações serão consolidadas apenas após a consulta aos empresários, mas que nos próximos 15 dias, a equipe já poderá apresentar algo.

Diário do Nordeste

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