O pequeno Bernardo já havia passado por outras quatro internações durante a vida. Foto: Arquivo Pessoal
Com 1 ano e 4 meses de vida, o pequeno Francisco Bernardo Cid Lopes precisou ser forte para superar mais um desafio. Nascido prematuro extremo, com menos de 28 semanas de gestação, o menino foi internado pela quinta vez, no último dia 30, após ser diagnosticado com Covid-19. Bernardo já havia precisado de internação outras quatro vezes, desde que nasceu, por apresentar problemas cardiorespiratórias. O Ceará já registrou casos da doença em pelo menos 261 bebês, segundo Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado do Ceará (Sesa), de quarta-feira (12)
Mesmo com sintomas leves da doença, apresentando cansaço e moleza no corpo, a criança foi levada à Clínica Pediátrica do Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral, referência na região, onde ficou internado durante 13 dias – 5 deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Isso nunca passou pela minha cabeça. Os sintomas que ele tava apresentando eram semelhantes aos problemas que já tem por ser prematuro”, conta a mãe, Luana Furtado, 32.
A surpresa veio logo após a família se mudar para o Ceará, no último dia 20. Luana, seu esposo, o enteado e Bernardo vieram do Rio de Janeiro para morar próximo à família, na cidade de Hidrolândia: “Estamos construindo nossa casa em cima da dos meus pais. A gente tá concluindo a obra”, relata Luana.
“Levei a um médico, em Ipu, e ele disse que a respiração estava boa. É uma característica de quem está com a Covid, a ausculta pulmonar não altera muito”, recorda.
Diagnóstico
No HRN, Bernardo fez o teste para saber se estava com a Covid-19 e ficou confirmado o diagóstico para a doença.
“Ele fez o teste e no dia seguinte ficou internado, no dia 30. A gente internou ele e já começaram o tratamento com antibióticos. Quando recebi a notícia tomei um susto, mas também agradeci porque os sintomas eram leves e ele reagiu muito bem e rápido. O Bernardo é muito forte”, conta a mãe.
A médica pediatra Thais Saldanha explica, com base em estudos iniciais, que crianças com comorbidades cardiorrespiratórias podem apresentar maiores complicações caso sejam infectados. As recomendações são buscar imediatamente auxílio de especialistas em “caso de dificuldade para respirar ou sinais de desidratação, como diminuição da diurese, recusa de líquidos, irritabilidade ou sonolência excessiva”, enumera.
Segundo ela, o distanciamento social ainda é o mais seguro. “O mais importante é respeitar a medida, evitando não só o contato direto das crianças com outras pessoas, mas também de seus cuidadores. Em caso de extrema necessidade de sair do domicílio para consultas médicas, por exemplo, crianças maiores de dois anos também devem usar máscara e seguir todas as recomendações de higiene preconizadas pelo Ministério da Saúde”, ressalta Saldanha.
Primeira vez Distante
Por conta do histórico de problemas respiratórios, a criança chegou a ser transferida do leito de enfermaria para a UTI, mesmo não apresentando complicações no tratamento. Para a mãe, que nas outras quatro internações esteve fisicamente ao lado do filho, não poder fazer o mesmo por conta do risco de contágio foi difícil. “Desde que ele nasceu, eu nunca fiquei distante. Eu vivo de quarentena por dele. O cuidado tem que ser redobrado”, lembra, emocionada.
Felizmente, Bernardo teve melhora e recebeu alta médica, na última terça-feira (12). Enquanto deixavam o hospital, Luana, sempre ao lado do filho, segurou a plaquinha com a seguinte frase: “Sou prematuro extremo e venci a Covid-19″. Agora, já em casa, a família segue tomando todos os cuidados, mantendo o distanciamento social, utilizando máscaras e higienizando com frequência as mãos. Nenhum outro familiar apresentou sintomas da doença, afirma Luana.
Diário do Nordeste