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4 entre 10 vídeos do YouTube possuem desinformação e produtores seguem lucrando com anúncios e monetização
Pesquisadores analisaram mais de 3 mil vídeos na plataforma
Yanne Vieira
Foto: : AZAMAT E / UNSPLASH

Um estudo analisou mais de 3 mil vídeos de canais brasileiros hospedados no YouTube e apontou que produtores deste conteúdo lucraram com a disseminação de fake news sobre a pandemia de covid-19, além de terem adotado estratégias para contornar as políticas de moderação da plataforma.

Palavras como “Covid-19”, “pandemia” e “coronavírus” foram substituídas por outros pronomes, texto escrito, gestos e anagramas, sendo uma das principais técnicas para propagar teorias conspiratórias e negar estratégias de prevenção defendidas por organizações oficiais de saúde.

Estas ações permitiram que os canais continuassem contribuindo para a desinformação, e mantivessem seus lucros com anúncios e outras formas de monetização. A conclusão foi apresentada por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), do Institute for Globally Distributed Open Research and Education e da Universidade da Califórnia. O trabalho foi publicado, nesta quarta-feira (3), na revista Frontiers in Communication.

Foram analisados 3.318 vídeos de 50 canais brasileiros reconhecidos como disseminadores de informações falsas e publicados nos seis meses que seguiram o registro do primeiro caso de Covid-19 no Brasil, em fevereiro de 2020.

Os pesquisadores apontam que aproximadamente 41% dos vídeos que mencionaram a doença envolveram algum tipo de desinformação, cujas graves consequências podem ser ainda mais severas durante crises de saúde pública.

A maioria dos vídeos com desinformações sobre a pandemia continuou gerando lucro mesmo um ano e meio após o último anúncio do YouTube de que combateria conteúdos falsos relacionados ao tema. Cientistas concluíram que as técnicas utilizadas pela plataforma não são efetivas, como relata a autora principal do estudo, a jornalista Dayane Machado.

A plataforma incentiva e premia canais distribuidores de teorias da conspiração e de saúde alternativa por meio de seu programa de parcerias. Nos chamou atenção a relativa tranquilidade com que esses canais se mantêm online e monetizados, mesmo desrespeitando as políticas da plataforma”, aponta Dayane.

A adoção de serviços alternativos, como o Telegram também deve ser analisada futuramente, “nosso próximo passo será investigar a contribuição do Telegram para a circulação de outros tipos de desinformação sobre saúde, além de compreender se os atores envolvidos em mercados irregulares de saúde são os mesmos atores já identificados, explorando financeiramente as desinformações sobre vacinas e sobre Covid-19 no contexto brasileiro”, relata Dayane.

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