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Nos últimos 3 anos, o governo brasileiro registrou cerca de 1.529 novos agrotóxicos. Somente em 2021 foram 562. Ainda em fevereiro deste ano, a Câmara dos Deputados aprovou, em votação de urgência, o Projeto de Lei nº 6.299/2002, mais conhecido como ‘PL do Veneno’, que flexibiliza a entrada dessas substâncias no país.
No último dia 29 de abril, um relatório publicado pela rede Friends of the Earth Europe, apontou que a cada dois dias, um brasileiro morre em decorrência de intoxicação por agrotóxicos, cerca de 20% dessas vítimas são crianças e adolescentes de até 19 anos.
A pesquisa reúne uma série de organizações e mapeia a aliança entre empresas agroquímicas europeias, como é o caso do Bayer e Basf, e o lobby do agronegócio brasileiro. De acordo com o relatório, os esforços conjuntos dessas duas empresas para promover o livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) “causaram danos significativos à saúde das pessoas e ao meio ambiente no Brasil”.
“Corporações europeias como Bayer e Basf, que são os principais fabricantes europeus de pesticidas, têm promovido o acordo comercial UE-Mercosul por meio de grupos de lobby. Seu lobby tem procurado aumentar o acesso ao mercado de alguns de seus agrotóxicos mais nocivos ao unir forças com associações do agronegócio brasileiro. Ao fazer isso, eles apoiam uma agenda legislativa que visa minar os direitos dos indígenas, remover salvaguardas ambientais e legitimar o desmatamento”, reporta a Friends of the Earth Europe no documento.
O relatório aponta que grupos como Bayer, a Basf e a Syngenta já gastaram cerca de 2 milhões de euros para apoiar o lobby do agronegócio no Brasil. Massificando o uso de agrotóxicos em território brasileiro, o que multiplicou seis vezes mais nos últimos 20 anos.
Em 2021, dos 499 agrotóxicos aprovados no país, a Bayer e a Basf contabilizaram 45 destes, 19 contêm substâncias proibidas na UE.
Audrey Changoe, especialista em comércio da Friends of the Earth Europe e uma das autoras do estudo, e Larissa Bombardi, professora da USP e especialista em agrotóxicos no Brasil, afirmam que a Bayer opera de forma agressiva no país.
O relatório assinado pelas duas especialistas relata que as grandes corporações europeias fabricantes de agrotóxicos se beneficiam das “regulações ambientais fracas do Brasil” e também trabalham com o agronegócio brasileiro para moldar como essas leis são escritas.