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Canabinóides podem auxiliar no tratamento de doenças neurológicas, aponta estudo
Componentes do gênero Cannabis
Yanne Vieira

Nesta sexta-feira (27), um estudo realizado no Laboratório de Neuroproteômica da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), sugere que os canabinóides, componentes obtidos de plantas do gênero Cannabis, podem auxiliar no tratamento de doenças como Alzheimer, esclerose múltipla, depressão e esquizofrenia. Os resultados do estudo foram publicados na revista “European Archives of Psychiatry and Clinical Neurosciences”.

A pesquisa aponta que os canabinóides podem estimular ou bloquear processos importantes para o funcionamento dos neurônios, além de outras partes do sistema nervoso. Demonstrando um potencial terapêutico dos compostos analisados para abordar quadros neurológicos e psiquiátricos.

A ideia do estudo era verificar como essas substâncias afetam as proteínas dos oligodendrócitos, que funcionam como guias para ativar ou desativar funções importantes no ciclo de vida dessas células.

Valéria de Almeida, uma das pesquisadoras responsáveis pelo estudo, explica, “os oligodendrócitos são responsáveis pela formação da bainha de mielina, que serve como um isolante para a transmissão das correntes elétricas nos neurônios […] a mielina também é importante para fornecer energia para o neurônio e mantê-lo saudável. Quando há defeitos nos oligodendrócitos, vários problemas podem ocorrer no funcionamento dos neurônios e consequentemente do cérebro”, complementa.

As células foram divididas em grupos e expostas a um tipo diferente de canabinóide. As diferenças no tipo e na quantidade de proteínas produzidas mostram que o tratamento com canabinóides pode, sim, alterar mecanismos fundamentais para a produção de energia celular, formação de novas células, migração desses componentes para outros locais do cérebro e até mesmo a morte dos mesmos.

O artigo aponta que essas descobertas abrem muitas possibilidades para abordar as doenças neurológicas e psiquiátricas. “Modificar a proliferação celular, o ciclo celular e a morte celular pode ser essencial para conferir neuroproteção; modular as vias de migração e diferenciação celular pode influenciar o desenvolvimento de um perfil mais saudável nas células neuronais. Além disso, mudanças no metabolismo energético podem ser investigadas pelo seu potencial de melhorar desregulações vistas em muitas desordens neurodesenvolvimentais e neurológicas”, diz o estudo.

Além do canabinóide extraído de plantas do gênero cannabis, o canabidiol, o organismo humano também produz a substância, chamada endocanabinóide. O estudo utilizou tanto compostos extraídos de plantas do gênero cannabis, como o canabidiol, o endocanabinóide, quanto sintéticos.

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