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Após superar depressão pós-parto, jovem relata dificuldades de ser mãe solo
“Ser mãe é abrir mão de quem você é, de quem você imaginava ser”
Viviane Bastos
Foto: Arquivo pessoal

Aos 20 anos, a jornalista Rute Oliveira descobriu a gravidez do primeiro filho. O pequeno Pedro Estevão, 5, é hoje o melhor amigo da jovem mãe. Apesar de todo o amor envolvido entre mãe e filho, Rute faz questão de falar abertamente sobre os desafios de ser mãe solo. O termo hoje é amplamente utilizado para designar mulheres que são inteiramente responsáveis pela criação de seus pequenos, deixando o conceito de “mãe solteira”.

A jovem explica que a notícia a pegou de surpresa, afinal, ela fazia o uso do anticoncepcional. “Eu tomava de forma errada porque não tinha orientação nem a quem perguntar. Por isso defendo tanto a educação sexual nas escolas. Para evitar que esse tipo de situação se repita com outras meninas”, conta.

A mamãe relata que, por ela e o pai da criança serem jovens e à época não terem um emprego, o início da maternidade foi um momento delicado. “Eu tive sorte por ter o apoio do pai do meu filho, apesar de inicialmente a família não aceitar”, relata.

Foi durante a gravidez que a jovem fez a prova do Enem e conseguiu entrar em uma universidade pública. Mas o medo de não conseguir criar e manter financeiramente uma criança, levou a jornalista a desenvolver depressão durante toda a gestação, que se estendeu até o pós-parto. “É um assunto que precisamos abordar. A maternidade é linda, mas ao mesmo tempo não é. Ser mãe é abrir mão de quem você é, de quem você imaginava ser”.

Realidade das mães no mercado de trabalho

Para Rute Oliveira, após a separação, o momento foi ainda mais delicado. Estevão tinha apenas dois anos quando o casal colocou um ponto final na relação. No início, mãe e filho tiveram que morar sozinhos. Foi aí que a necessidade de um emprego se tornou ainda mais urgente. A jornalista, descobriria mais um obstáculo: a falta de empatia por parte de empresas e até instituições. “A primeira pergunta, em uma entrevista de emprego que fazem para uma mãe solo, é se você tem com quem deixar a criança”, diz.

Até dentro da própria universidade, ela conta que houve esse tipo de questionamento em entrevistas para seleções de estágios remunerados. “Eu já estava tão sem expectativa que prometi a mim mesma que se eu não conseguisse uma bolsa dentro da universidade (que me possibilitaria trabalhar por meio período) trancaria o curso e procuraria um emprego de 8h por dia, afinal, eu precisava pagar aluguel, conta de energia, luz e mercado”, desabafa.

A situação mudou quando ela participou de uma seleção em que a entrevistadora havia levado o próprio filho que estava doente para o trabalho. “Houve uma ligação com aquela outra mãe. Aquele momento foi um divisor de águas. Eu consegui a bolsa”.

Nascimento que transformou vidas

Estevão nasceu em março de 2017, na cidade do Crato. A mamãe de primeira viagem comenta emocionada a ocasião: “Foi o momento mais confuso, mais assustador, mas também o que eu presenciei o maior sentimento de amor que eu já senti na minha vida”.

Desde então, o filho se tornou seu bem mais precioso. A mamãe declara que por ele, tenta ser sua melhor versão. “Meu maior medo hoje é falhar como mãe, mas a gente segue aprendendo e fazendo o possível para ser alguém melhor todos os dias”.

Apesar das dificuldades, ela reforça o sentimento de mudança em sua vida. “Ser mãe do Estevão é o maior presente que eu poderia ter ganhado. Ele mudou a vida de todos a nossa volta”, finaliza.

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