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Próxima pandemia pode surgir do derretimento de geleiras, apontam novos dados
As pesquisas apontam que as temperaturas globais aumentam devido às mudanças climáticas
Yanne Vieira
Foto: Donald Slater/ University of Edinburgh/Pensilvânia

Após o surgimento da pandemia de covid-19 – já alertada pelos cientistas – pesquisadores seguem encontrando evidências de novos surtos e, desta vez, podem não vir de animais como o morcego ou pássaro, mas de matéria no gelo derretido.

Análises de solo do Hazen, maior lago de água doce do Ártico, sugerem que o risco de transbordamento viral, ou seja, onde um vírus infecta um novo hospedeiro pela primeira vez, pode ser maior perto do derretimento das geleiras.

As pesquisas apontam que à medida que as temperaturas globais aumentam devido às mudanças climáticas, se torna mais provável que vírus e bactérias presos em geleiras e permafrosts possam despertar e infectar a vida selvagem local, principalmente porque seu alcance também se aproxima dos pólos.

Em 2016, um surto de antraz, no norte da Sibéria, matou uma criança e infectou pelo menos sete pessoas, o caso foi atribuído a uma onda de calor que derreteu o permafrost e expôs uma carcaça de rena infectada. Antes disso, o último surto na região havia sido em 1941.

Pesquisadores da Universidade de Ottawa, no Canadá, coletaram amostras de solo e sedimentos do Lago Hazen, perto de onde pequenas, médias e grandes quantidades de água derretida das geleiras locais fluíram.

A pesquisa, publicada no Proceedings of the Royal Society B, sugeriu que o risco de vírus se espalharem para novos hospedeiros era maior em locais próximos de onde grandes quantidades de água de degelo glacial fluíram.

No entanto, outras pesquisas recentes sugeriram que vírus desconhecidos podem vagar no gelo. Em 2021, pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio, nos EUA, anunciaram que encontraram material genético de 33 vírus, sendo 28 deles novos, em amostras de gelo retiradas do planalto tibetano na China, os vírus foram estimados em aproximadamente 15.000 anos.

Em 2014, cientistas do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França em Aix-Marselha conseguiram reviver um vírus gigante que isolaram de um permafrost siberiano, tornando infeccioso novamente pela primeira vez em 30.000 anos.

Enquanto os vírus e seus ‘vetores-ponte’ não estiverem simultaneamente presentes no ambiente, a probabilidade de eventos dramáticos provavelmente permanecerá baixa”, escreveram os pesquisadores. Por outro lado, as mudanças climáticas alteram a variedade de espécies existentes, colocando novos hospedeiros em contato com vírus ou bactérias antigas.

“A única conclusão que podemos afirmar com confiança é que, à medida que as temperaturas estão subindo, o risco de transbordamento nesse ambiente específico está aumentando […] “Isso levará a pandemias? Nós absolutamente não sabemos.”, conclui o estudo.

Também não está claro se o potencial de mudança de hospedeiro identificado no Lago Hazen é único nos sedimentos do lago.“Pelo que sabemos, pode ser a mesma que a probabilidade de troca de hospedeiro causada por vírus da lama em sua lagoa local”, disse Arwyn Edwards, diretor do Centro Interdisciplinar de Microbiologia Ambiental da Universidade Aberystwyth.

Duas coisas estão muito claras agora. Em primeiro lugar, que o Ártico está se aquecendo rapidamente e os principais riscos para a humanidade são de sua influência em nosso clima. Em segundo lugar, que doenças de outros lugares estão chegando às comunidades e ecossistemas vulneráveis ​​do Ártico”, finaliza.

 

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